Quando parecia que o mais importante e esclarecedor sobre a revolução portuguesa já tinha sido dito e escrito eis que um livro ("Spínola e a Revolução", Francisco Bairrão Ruivo, Bertrand Editora, o qual é uma adaptação de uma tese de doutoramento do autor) nos cai nas mãos e surpreende pelos novos ângulos de enquadramento e análise do fenómeno revolucionário português recuando histórica e politicamente aos tempos do marcelismo. E à primeira vista, nem sequer a centralidade da análise girar à volta de Spínola é, parece-nos, um factor mobilizador para a sua leitura. Mas ultrapassadas as resistências, rapidamente a leitura se torna estimulante e nos sentimos como que a revisitar com gosto e curiosidade os tempos dos grandes conflitos revolucionários na parte substancial dos grandes dilemas revolucionários que giraram à volta do projecto de poder de Spínola (assente numa transição não revolucionária para um marcelismo manso) e as fortes oposições que encontrou com deslizamentos vários de aliados e inimigos. E, assim, o foco em Spínola que poderia prenunciar uma romagem a um dinossauro do passado português transforma-se num centro vivo da génese e incubadora das grandes tensões iniciais da revolução de Abril. Acrescente-se que o magnífico trabalho de investigação histórica que dá lastro ao livro é ainda plasmado numa também magnífica (porque leve e cativante) prosa.
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