Um romance, como tudo na vida, pode morrer de fartura. Mesmo em tempo de penúria, acrescente-se. É o caso deste último de Inês Pedrosa ("Desamparo", D. Quixote). E se o talento literário espreita sempre no virar de página de cada capítulo, a obra, no seu conjunto desconjuntado, é uma congestão permanente de personagens e situações, em que tudo o que é relevante em termos de encontros e desencontros de afectos e situações se desvanece sob os escombros dos excessos, incoerências e pulos nos cenários e enquadramentos. Foi uma pena que Inês Pedrosa não se desse ao trabalho ou tido tempo para podar o seu projecto, decantá-lo de lugares comuns e extrair alguns efeitos de gosto mais que duvidoso. Assim, como está, é mais uma confusão que um romance, resultando numa inutilidade o tempo investido em o tentar desbravar pois isso só amplia a inutilidade do esforço. A esquecer, portanto.
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