
No quadro de apagada tristeza em que se viu o PS, depois da nefanda obra de descaracterização processada pelo
guterrismo, a preparação do seu Congresso e as corridas para o Secretariado Geral, são um espectáculo deprimente.
Os
socranetes contam as espingardas aparelhistas e encostam-se ao
centrão. São os restos
guterristas a calçarem as pantufas, direitos aos sofás de um poder que julgam cair-lhes no colo. Limitam-se ao não ambicioso projecto de serem
santanetes com
preocupações sociais. Propõem uma espécie de alternância que pouco mais seja que mudança de penteados.
João Soares faz o seu número dinástico. È a sua tragédia. Será sempre, politicamente, um pai em versão pobrezinha.
A
esquerda PS andou às voltas e meias voltas. Mexeu-se é verdade. Reuniu também. Unificou até plurais tendências e clubes. Mas partiu dos cacos do
hara-kiri emocional de Ferro que transformara a
sacristia guterrista num
clube de amigos de Alex, incapazes de passarem da moral para a política. Não aprendeu nada de nada. De mão em mão, de reunião em reunião, acabaram por cair debaixo das barbas de um trovador emocional e apelar-lhe ao sacrifício da locução das trombetas do protesto e da regeneração. Manuel Alegre já disse que só concorre a líder, a governação será com outro. Por outras palavras, basta-lhes que Sócrates não ganhe por unanimidade e aclamação.
Parece que todos, no PS, se resignaram ao triunfo do
aparelho. É assim que querem, é assim que será. A orquestra, triste orquestra, está pronta para a função.
Santana é o que é. Mas ninguém pode negar que é homem que nasceu com a estrelinha da sorte.
Que raiva!