(continuação)
Com a falência do “internacionalismo proletário” (entretanto substituída a fórmula pela da “solidariedade internacional” ou simplesmente “internacionalismo”), acompanhada da afirmação unipolar do capitalismo imperialista (Estados Unidos), caíram grande parte das referências de suporte de um instrumento de hegemonia e de controlo. A ideia ficou, até pelo poder mágico do ideal generoso, utópico e redentor que lhe alimentara a origem. Mas, sem um centro de liderança, organizador e financiador, como suportar uma estrutura irreversivelmente pervertida para poder suportar uma cadeia de hegemonias hierarquizadas? Para mais, com os “batalhões revolucionários” a recolherem-se aos nacionalismos (negação brutal da ideia internacionalista) ou a desertarem quando não a naufragarem no defensismo desesperado de orfandade histérica perante o mar encapelado do maior recuo na história da revolução, do anti-capitalismo e do comunismo. Entretanto, o inimigo principal - o Império do Mal - não só se agigantou em força e arrogância como estendeu o seu mando unipolar sobre o universo. Para cúmulo, a boçalidade de Bush (o grande "calcanhar de Aquiles" do "domínio americano") deu-lhe um rosto ridículo-repulsivo a assentar muito mal em cima de um pescoço tão forte e musculado(mas óptimo como bombo da festa da propaganda "bota abaixo").
A manutenção do velho “inimigo nº
Um exemplo concreto desta degenerescência espantosa, sem pingo de marxismo, leninismo ou princípios, até ao estádio da “cumplicidade internacional”, encontra-se na actual “política internacional” do PCP de que o actual “Avante” é tribuna semanal (que muito deve atormentar o sono eterno de Cunhal). Além das pouquíssimas “ilhas comunistas” que ainda sobram (Cuba, Coreia do Norte, Vietnam, Laos, China), temos como outras parcerias “revolucionárias” – a Fretilin em Timor (sobretudo depois de ter reintroduzido a votação de braço no ar), a Venezuela do populista-militarista Chavez (a Bolívia de Morales está na fase de "candidatura", enquanto Lula e o seu PT - considerados "traidores" - ficam fora do "arco revolucionário"), os fundamentalistas terroristas do Hezbollah e do Hamas (adeus OLP!), os tallibans do Afeganistão, os paranóicos agressivos que governam o Irão, a monarquia Baas da Síria, os bombistas do Iraque (os sunitas que matam xiitas e os xiitas que matam sunitas), a autocracia feudal da Bielorússia, enfim: tudo o que levante um dedo que seja, em nome do que for, para arranhar, dar um tiro ou meter uma bomba nos Estados Unidos, em Israel ou na Grã-Bretanha (o Trio do Mal). A Bin Laden (e à Al Khaeda), dá-se-lhe o estatuto de "cúmplice não assumido" porque acarreta dificuldades gritantes de susceptibilidade na opinião pública mas os seus "golpes" só vagamente são reprovados sem que se deixe de salientar, absolvendo-o via relativismo, que "pior que eles" é o "terrorismo de estado" praticado pelos Estados Unidos, por Israel e pela Grã Bretanha. Percurso espantoso este o de uma bonita e exaltante utopia – tendo nascido de um sonho idealista, está a finar-se no lodo de uma aliança por um "Apocalipse Now": se o mundo não quer ser "o que devia ser", então que estoire. Entretanto, os "companheiros de jornada" do género suicidário-piromaníaco, continuam a não faltar à chamada.
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