
Vai de férias,
esta soarista, melhor dizendo: uma esquerdelha-soarista, assim a modos que uma Joana não mandatária (e, por isso, mais serena). Férias merecidas, sim senhor, porque, para mais, tem lá, em Itália, rosas do seu jardim de amores à espera, e se uma pessoa não rega de quando em vez as flores dos afectos, adeus vindima, que ficamos com os olhos secos à míngua de uma chuvinha de acenos.
A
Isabella, no que me parece, que a bem falar mal a conheço, é mulher de armas e veias como se fossem nervos, sempre a disfarçar saudades bonitas e frescas, ajustando-lhes contas pela escrita. Tão frenética quanto distraída, arrisco no cálculo. E precisa de barulho, confusão, abraços, beijinhos a rodos, cerveja com pouca ou muita espuma desde que muita seja, risadas e interjeições, para poder regressar, cheia e inspirada, à sua solidão de escrita e olhar para dentro de si, nunca perdendo o olhar sobre os outros e para conter a corrosão do apelo laurentino que lhe está agarrado aos pés do seu crescimento.
Pois, a
Isabella vai de férias italianas e já se despediu. E deixou, lá, esta mensagem:
Quando estou fora e quero saber novas de cá, costumo começar por 'clickar' neste terno resmungão, que é eleitor certo do Poeta.Quanto ao terno resmungão vi logo, mesmo sem confirmar o link, que era comigo. Pois se não é o pior que me têm chamado, segui em frente. E até não está mal visto, não senhora. Mas o que afinei foi com essa réplica da onda soarista, em que se critica Cavaco por não saber os Cantos de Camões, mas, depois, pretende-se diminuir Alegre por ser Poeta, como se isso fosse achaque na capacidade presidencial, assim a modos que próstata podre para se poder habitar Belém.
E não deixei de lhe responder a preceito, aproveitando para usar o meu tempo de antena e que me dá jeito reproduzir aqui, senão ainda me acusam, lá da candidatura, de falta de militância alegrete:
Protesto o modo como referes um candidato (no caso, o meu candidato) a PR como "O Poeta". Manuel Alegre vai ser nosso Presidente, vai-te habituando à ideia, não por ser Poeta mas também por ser Poeta. Não só porque é um homem das palavras, mas por ser homem de palavra. Manuel Alegre traz-nos, pode-nos trazer, o melhor do 25A, porque sempre lhe sacudiu a ganga, o lastro da perversão e do abuso, a generosidade do cravo, a recuperação da alegria abrilista sem o controlo operário e as sobrancelhas carregadas de Cunhal (que tinha o cabelo branco e as sobrancelhas negras, porque pensava muito e bem mas via pouco o que se passava à sua frente) nem a nuvem novembrista do general de patilhas armado em Perón.
Manuel Alegre é a esperança de querermos um novo Abril, solto das grilhetas dos aparelhos, desta maioria absoluta inchada de si, um Abril sem PREC nem Novembro. Sem necessidade de se infantilizar como o Soares da Boa Próstata, com o seu séquito de budas xuxas e retroceder ao esquerdismo juvenil para esquecer o "socialismo na gaveta". Nem nos matar a esperança cidadã com os deves e haveres do livro de contas do cavaco de olhar severo e falas engolidas. Entre a oratória oca e repetida de Soares e as falas evitadas de Cavaco (os outros, não contam, nunca contaram, não querem contar), Alegre, o Poeta e o Presidente, é o único que nos pode devolver, reconstruir, a alegria cidadã. Porque é Poeta. E porque vai ser Presidente.
Toma e embrulha! Mas o mais importante: boas férias, Isabella. Cá te esperamos.
De
IO a 30 de Novembro de 2005
Oh, meu pilantra lol: Estás-te a esquecer que, e escrevi-o lá!!, para mim a palavra é ouro e o Poeta (que escrevi sempre com maiúscula) o seu mais perfeito artesão - vê-se logo que não sabes como eu, ficcionista, os invejo, aos que em cinco linhas dizem o que eu em 30 não consigo!! - e feito o meu protesto, via Gil, que me interrompeu o trabalho, enviando-me provokador o link deste post... Aqui me despeço, com um beijo divertido, uma que vai votar no 'velhote'. E obrigada pelo Boas férias!
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