Aceito a crítica do
Manuel Correia quando me atira
last but not least o nosso amigo e vizinho João Tunes (Água Lisa 2) apaga um post humorado em que se referia ao Cardeal Ratzinger como o Pastor Alemão.
Aliás, verdade se diga e fique desde já certificado, eu concordarei com tudo o que o
MC escrever nos próximos tempos. Devido à alegria do prazer de o voltar a ler nesse tesouro blogosférico que é o
Puxa Palavra, um blogue feito por gente vivida, reflectida e de palavra afiada mas sensata (pese embora - ressaibo de lampião - a
lagartagem estimada que por lá habita e que já me levou ao impulso ímpio de aqui pendurar o emblema rival).
Mas, no caso, não é só concordar por concordar. Mais que isso, é entender o fundo decantado nas palavras do
MC. E o alerta que elas ressoam. Se bem entendi, o efeito de auto-censura da capacidade crítica e desconstrutiva dos republicanos de espírito face ao poder do Vaticano mediatizado e a ameaçar ocupar espaço de poder totalitário por via de
assalto teocrático tentado sobre a soberania laica que tanto custou conquistar e se vê não estar consolidada.
Terá alguma razão o
MC, mas não lhe dou toda a razão.
A minha antipatia pelo Vaticano e por Ratzinger não sofreu beliscadura. E acho que um Papa, um Papa a sério (e este não tenho dúvida que o será, já o sendo), não merece a indulgência do
estado de graça que se costuma dar a governantes pecadores da política e na política. Além do mais, seria uma ofensa ao Espírito Santo, julgando-o capaz da leviandade de inspirar escolha conclávica de um vira casacas relativamente ao que foi a sua praxis cardinalícia. E há quantas décadas os portugueses se habituaram à presença tutelar (pelo menos, em negócios) do Espírito Santo? Mais que qualquer outro povo, o português sabe dos atributos larguíssimos do Espírito Santo (para mais, aqui, onde não é mero vértice de um triângulo mas se apresenta organizado em Grupo) e da forma eficaz como nos ilumina através de regimes (fascismo e democracia) e de governos de partidos (PS ou PSD ou PP). Por tudo isto, não acredito, não posso acreditar, nas mensagens que abundam por aí de propagação da esperança que Bento e Ratzinger serão duas e diferentes pessoas. E se Ratzinguer Cardeal foi péssimo, não vejo que o Papa Bento XVI possa ser óptimo ou sequer aceitável. Quando muito, o refúgio de esperança é que não dure demais e a tchernenko venha a suceder gorbatchov (não de vermelho vermelhão, mas de púrpura).
No entanto, o post que reneguei tinha uma via de facilidade de imagem e de associação que me pareceram, depois e após ajuda do alerta crítico de um companheiro o
Carlos Gil - Xicuembo -, como sendo primário e até ordinário porque amarrava Ratzinguer ao seu passado de adolescente nazi, causticava-o por aí, ou seja, na sua fase de vida menos responsável. E o trocadilho canídeo com o pastor alemão, não me pareceu, depois e a frio, de recomendável gosto. Pensando melhor, achei e acho que este Papa (que considero um péssimo Papa e que representa o pior do ressurgimento do pior Vaticano) merece combate de nível mais alto, não lhe baixando a guarda no afã de o deitar abaixo pela rasteira ou pela canelada. Assim, julgo que mais que auto-censura, a minha contrição foi ditada pelo desejo de não subestimar o (melhor, um) adversário. E não estou arrependido.
Quero-te, caro amigo
MC, activo e bem activo na blogosfera. Bem penámos já pelo teu demasiado silêncio. Levas as Taças todas, se necessário. Mas, neste teu aparte, perdoe-se-me a sovinice, não levas os três pontos, contenta-te lá com um que é o prémio regulamentar para os casos de empate. E segue o abraço que é oferta da Liga.
Adenda:O
Manuel Correia, barreirense adoptivo como eu (parafraseando outros, os das camisolas às riscas, só eu sei o que esta cumplicidade significa), deu troco ao meu troco. E coloca questões que também a mim (só a nós?) preocupa. E que julgo merecerem debate antes que debater seja heresia de Estado. Daí ter entendido puxar-lhe a réplica deixada nos comentários para aqui:
Amigo João Tunes, Aceito o empate. Acho-o justo. Aqui para nós, nem pedia tanto. Tal como outros dos teus amigos, que tanto prezas, não vou ao homem, mas à bola (às ideias). Nada me chateia mais de que o excesso fulanizado que ameaça a serenidade de qualquer boa discussão. Confesso que fiquei um pouco surpreendido. Para além de já não falarmos há tempo, e sem embargo de compreender tim-tim por tim-tim a tua couraçada argumentação, ao velejar na tua "Água Lisa", deparei-me com um fenómeno que supunha (e suponho) raro entre nós. Podemos exceder-nos - gentes de muita emoção e espontaneidade - e dar bronca, eventualmente. Por mim, já perdi o conto às vezes em que tal me aconteceu, na blogosfera e fora dela. A tua «cedência» impressionou-me mais pela visão que os deuses me proporcionaram - a constelação das rábulas católicas em Madrid, Dili e... aqui - do que pelo direito que obviamente tens de manipular o teu blogue como achares melhor. Pensei: ora aqui está um bom pretexto para tomar o pulso ao João Tunes. E tu, caro e diligente amigo, percebeste, como aliás era de esperar. O empate, que venho fraternalmente buscar ao Água Lisa 2, favorece-me. No domingo passado espreitei um pouco do Herman SIC. Ele e a Ruef apresentaram uma paródia que chalaceava com o Vaticano e o Papa, designadamente publicitando uma linha de produtos designada «Habemos Papa». A plateia, nada. Gelada. Os actores à rasca. Aplausos só no fim e já a propósito de uma graçola lateral. Fiquei perturbado. Compreendi que voltámos ao tempo em que a perda de sentido de humor vem outra vez de sotainas. Nestas coisas, estou com os católicos que sabem rir-se e compreender que o humorismo só pode beliscar as crenças fracas e os dogmas que a suma hierarquia da Igreja de Roma teima em promover como identidade de todos os crentes. Já pediram perdão a Galileu. Antes do fim do milénio hão-de pedir perdão às mulheres. Se pudesse apostava.
Amigo João Tunes,
Aceito o empate. Acho-o justo. Aqui para nós, nem pedia tanto. Tal como outros dos teus amigos, que tanto prezas, não vou ao homem, mas à bola (às ideias). Nada me chateia mais de que o excesso fulanizado que ameaça a serenidade de qualquer boa discussão.
Confesso que fiquei um pouco surpreendido. Para além de já não falarmos há tempo, e sem embargo de compreender tim-tim por tim-tim a tua couraçada argumentação, ao velejar na tua Água Lisa, deparei-me com um fenómeno que supunha (e suponho) raro entre nós. Podemos exceder-nos - gentes de muita emoção e espontaneidade - e dar bronca, eventualmente. Por mim, já perdi o conto às vezes em que tal me aconteceu, na blogosfera e fora dela. A tua «cedência» impressionou-me mais pela visão que os deuses me proporcionaram - a constelação das rábulas católicas em Madri, Dili e... aqui - do que pelo direito que obviamente tens de manipular o teu blogue como achares melhor. Pensei: ora qui está um bom pretexto para tomar o pulso ao João Tunes. E tu, caro e diligente amigo, percebeste, como aliás era de esperar.
O empate, que venho fraternalmente buscar ao água Lisa 2, favorece-me.
No domingo passado espreitei um pouco do Herman SIC. Ele e a Ruef apresentaram uma paródia que chalaceava com o Vaticano e o Papa, designadamente publicitando uma linha de produtos designada «Habemos Papa». A plateia, nada. Gelada. Os actores à rasca. Aplausos só no fim e já a propósito de uma graçola lateral.
Fiquei perturbado. Compreendi que voltámos ao tempo em que a perda de sentido de humor vem outra vez de sotainas.
Nestas coisas, estou com os católicos que sabem rir-se e compreender que o humorismo só pode beliscar as crenças fracas e os dogmas que a suma hierarquia da Igreja de Roma teima em promover como identidade de todos os crentes. Já pediram perdão a Galileu. Antes do fim do milénio hão-de pedir perdão às mulheres. Se pudesse apostava.
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