
É assim que o
Nuno Ferreira chama ao 25 de Abril. E a geração dele é a que andava no antigo Ciclo Preparatório em 1974. Uma geração, portanto, que hoje dá cartas, decide, está nos executivos dos partidos, dos jornais e dos conselhos de administração, os que já não são novos e ainda lhes falta naco de vida activa para serem corridos por já serem velhos. Os que cheiraram o PREC com o gosto de imitação dos putos e se apanharam socialmente activos já com as nacionalizações, a reforma agrária e o controlo operário metidos e catalogados no Museu da Saudade. Suponho mesmo que pertence a esta mesma geração uma fatia importante dos bloggers de referência que sabem dosear pós de irreverência com a respeitabilidade do politicamente sensato, mestres na síntese dos contrários e, na sua maioria, liberais com bigode de esquerda. É uma geração importante. Uma geração de poder, do actual poder. Convém entendê-la e estar nas suas graças. Nunca se sabe o dia de amanhã.
Voltando ao companheiro
Nuno Ferreira, excelente é (e a não perder, acrescento) a sua crónica onde narra a forma como viveu, catraio estudante e armado aos cucos, em Aveiro, o 25 de Abril e o PREC. Está lá a maestria do bom jornalismo (um jornalismo de crónica e memória, que tanto rareia e tão boas tradições teve em Portugal) e os olhos abertos de ternura e lucidez para tempos em que uma geração guardou um segredo. Segredo que é a chave de por aqui andarmos sem bufos à ilharga. Se conselho me é permitido, não deixem de ir
aqui. E depois digam se eu não sou amigo.