As Coligações entre Partidos não são fatalidades. Nem obrigações. Existem quando existem, existindo as condições (vontades leais servidas com boa fé, comunhão mínima de projectos, capacidade de articular a tradução concreta em lugares e responsabilidades). Uma Coligação mal parida é o pior que pode acontecer. Porque então, como fonte de equívocos, acaba por funcionar mal e, por isso, é um engano servido aos eleitores.
Do ponto de vista da Esquerda, é lamentável que a nossa esquerda não se entenda no confronto com a Direita nas próximas eleições autárquicas (sobretudo nas grandes cidades, no mínimo em Lisboa e Porto). Mas, pela dinâmica desconfiada que se estava a gerar, é bom que as forças de Esquerda se apresentem separadas. Pesem os riscos de a Direita beneficiar disso, no mínimo, a escolha eleitoral será mais genuína. Mais saudável politicamente, portanto. E com o PS no poder governativo, o PCP a reforçar a sua caracterização m-l e o BE em permanente festa de crescimento, o desfecho era mais que previsível.
As últimas eleições, no concelho de Lisboa, deram 42,28% ao PS, 8,71% ao BE e 8,23% à CDU (PCP + PEV). Exigir, como fez o PCP, que na Coligação para a CML houvesse paridade entre PCP e PS e entre o BE e o PEV, não tem a mínima seriedade política. O PEV, que nunca se soube quanto vale por si (deve valer tanto como o POUS da Carmelinda
), equiparado ao BE, que teve uma votação superior à CDU, não lembra ao diabo. Equiparar o PCP a uma força (PS) que vale mais que cinco vezes os seus votos, seria uma aldrabice atirada à cara do eleitorado. Nestas condições, a Coligação pretendida pelo PCP não passaria de obra de engenharia eleitoral sem qualquer correspondência com as inclinações do eleitorado. Uma burla, portanto.
As Coligações de Esquerda foram-se. Uma pena. Mas antes isso que martelar verdades e vontades eleitorais.
De Joo a 29 de Abril de 2005
Caro Werewolf, ele lá sabe, ele lá sabe. Para já diz que vai ganhar a CML e termos na presidência esse bonzo trapezista de ideias chamado Ruben. Ainda vamos ter Lisboa transformada numa imensa Festa do Avante (o problema é que, assim, lhe fico sem a vizinhança, pois tenho a Quinta da Atalaia ao alcance do olhar pela minha janela...). E vocês? Levam com a Festa da Alegria? Abraço.
Ora aí está o bom velho e duro PCP a recuperar práticas que alguns pensavam já não existirem. Então o homem até sabe dar uns passos de dança e perde a voz quando dela mais precisa, até tinha sido uma surpresa, quando toda a gente estava à espera de um cara-de-pau tipo Brejnev. Já não há justiça no mundo...
Vá lá dêm mais lugares ao PCP-PEV que sem eles a câmara vai para a direita.
Já não há pachorra.
Abraço, meu caro amigo.
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