Mais que a rememória, mais que saber onde se estava e como se viveu esse dia, o que ele trouxe a quem caminhava vindo das trevas, é a herança deixada, a imensa alegria de saber que, cada dia passado desde então, mais e mais nossos concidadãos nascem e vivem em liberdade, tornando a nossa lembrança a negro num perfeito e estúpido absurdo, o anacronismo de se ter vivido numa sociedade sem respiro de liberdade.
Por isto é que, melhor que ir passear cravos de saudade na Avenida da Liberdade, prefiro comemorar o 25 de Abril com o cravo da minha alegria rubra ao ver os jovens indiferentes à banalidade de se ser livre. Eles acham que não pode ser de outra maneira. Então, a obra está feita. Valeu!
Este sentimento avivou-se-me ao ler este magnífico post que li do
Paulo Tomás e que, com a devida vénia, transcrevo:
"Pai o que é a ditadura ?
(Pergunta de uma criança de 10 anos ao seu pai, este ano.)"
Adenda: Agradeço ao Lutz ter "completado", com notável elegância e poder de imagem, este meu post. De facto, a economia do meu texto e o sentido de valorização pretendida pode prestar-se a interpretações que seriam profundamente injustas se se julgasse como marcando distância perante os que entendem comemorar, onde bem entenderem e da forma como entenderem, a data histórica da nossa libertação. Estou com eles e com aqueles que, nascidos em liberdade, não acham que a têm de comemorar porque o banal vive-se apenas. Subscrevendo tudo o que o Lutz postou, está lá a "metade" que aqui terá faltado e que completa, em sentido, este post.
De Z Paulo a 26 de Abril de 2005
Um abraço aos dois. Grande post, Tomás!
De Joo a 26 de Abril de 2005
Comungo do seu grito, Paulo, que é grito também meu. Abraço.
De Paulo Toms a 26 de Abril de 2005
Obrigado João. A resposta fácil à pergunta, vai a pouco e pouco tomando a sua verdadeira dimensão. Não consigo deixar de sentir-me arrepiado, quando penso que somente há 31 anos atrás esta singela questão tinha respostas bem distintas da que hoje se dão. O sussurro assustado requeria a omissão. O lamento requeria o esquecimento. Em escondido sôfrego, tremulava-se a resposta. Hoje gritamos, hoje alegremente discutimos, hoje para além dos políticos e das políticas, perpetuaremos nos nossos filhos o Grito da Liberdade. Viva o 25 de Abril !
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