
Fecho de ciclo de descoberta, de reencontro e de corte com a rotina. Hora de regressar. E o prazer de redescobrir o conforto da luz única de Lisboa. Mais a volta lenta da adaptação aos velhos ritmos e às velhas realidades. Regressar ao ninho, também e sobretudo. Mas não deixando de pensar na próxima fuga e no próximo banho de realidade alheia, fazendo com que o crepúsculo se confunda com o desejo de uma nova manhã, nunca esquecendo que o mundo é feito de muitos mundos.
Hora de nos lembrarmos que vivemos num país que, de desdita em desdita, é governado por um tal Santana Lopes; tem António Mexia como ministro e Luís Delgado como Mensageiro, Profeta e Gestor da Propaganda; os computadores derrotam as escolas, os professores, os jovens e os pais; a CGD é - mais que força bancária - um centro de reformas obscenas e de sinecuras para ministros desempregados; uma mãe assassina uma filha por uma questão de trocos de compras; as vítimas da Casa Pia continuam a esperar que haja um juiz disponível para julgar os seus abusadores; onde a Oposição foi a banhos. Um país que, de tão adiado, há-de acabar por acordar estremunhado. Se a preguiça da espera não lhe trouxer a senilidade da desistência e da apatia. E se os valores aguentaram tanto desperdício com o fútil, o inútil e o fascínio, novo-rico e selvagem, pelo neo-liberalismo.
Termino aqui as crónicas do
Nilo e Sinai. Para não maçar os
curiosos da blogosfera, vim para aqui, para este cantinho novo da
Água Lisa. Foi sobretudo um exercício pessoal de prolongar uma experiência que me enriqueceu, deixando a sua partilha para uns quantos pacientes de curiosidade e de amizade que descobriram o rasto deste refúgio mal disfarçado. Foi expressão de uma obsessão maçadora, eu sei. Mas não tenho remorsos porque também foi um teste de resistência a companhias e amizades.
È altura de voltar ao prosaico da vida lusa. Blogando? Talvez. Como diz o outro,
porque não? Sem motivos nem alegrias para o
porque sim, acrescento.
(Foto de Pedro Tunes)