
Duas muito jovens amigas podem ser sentidas como muito antigas amigas? Podem. Se podem. Mesmo parecendo, nos tempos que correm, coisa dos antigamentes e passado de moda.
Hoje, desata-se o último nó de uma equipa profissional que conseguiu a suprema coincidência e raridade de juntar um punhado de bons amigos acicatados pela performance ao serviço da mesma empresa. O exemplo era bom demais. Disse-me, um dia, o presidente da dita cuja que o melhor é que, numa empresa, as pessoas não se liguem por amizade por assim ser mais fácil competir e produzir. Achava ele que a solidariedade baixava o rendimento e o preferível é a adrenalina de olhar o próximo como rival a ultrapassar. Talvez com a faca na liga, as empresas andem melhor, sobretudo na hora em que as pessoas são quase apenas custos. Mas o gajo era néscio e media tudo pela sua avareza de mando e assim queria selva à sua volta. Tão néscio e tão desmedido que agora anda por aí feito ministro santanete, arrastando cultivadores de imagem pela trela.
Poder é poder. Mesmo se mais impante que consistente. A equipa foi-se desfazendo, pingando do insuportável. As mais resistentes foram as minhas jovens e antigas amigas. Tão antigas quanto jovens. Mas não tardou que uma rumasse ao seu ninho tripeiro. Agora vai-se o último elo desgastado da equipa. Perde a empresa, acho eu, de entendimentos às avessas com os saberes e quereres de gestores feitos ministros, neste tempo de lustre fácil.
O que um gestor, e muito menos um ministro, não tem poder é para desfazer amizades que são sempre antigas pela sabedoria do sentir.
O melhor para vocês, jovens, antigas e queridas amigas. Há mais mundos no mundo. E o melhor no mundo faz-se com amizade e serão sempre os solidários os melhores feitores de um mundo melhor. O gajo é parvo.