Sexta-feira, 24 de Setembro de 2004

NILO E SINAI (19)

Egipto 331.JPG

Excepto as pirâmides concentradas em Gizé, perto do Cairo, a grande monumentalidade, marcas e sinais da civilização egípcia, concentram-se numa extensão de quinhentos quilómetros entre o Assuão (mil quilómetros a sul do Cairo) e Luxor, com paragens obrigatórias em Edfur e Kom Ombo. Falamos dos exteriores da arte, porque os recheios (que sobraram dos saques, da inépcia e da erosão) estão bem guardados e à vista no Museu do Cairo (e espalhados pela maioria dos maiores museus de todo o mundo). São quinhentos quilómetros de saber guardado e mitos espalhados a exigirem boa forma física, paciência e poder de captação. Trabalho duro para qualquer mortal comprovando que a transpiração é o caminho que leva a todos os saberes. O pior é o clima, dado que os monumentos (a maioria de celebração funerária) estão na margem ocidental, em deserto e sob calor abrasador. No Assuão, a temperatura chega a passar dos cinquenta graus em Julho e Agosto (no resto do tempo anda pelos quarenta graus). Conforme vamos descendo o Nilo, para norte, o clima torna-se um pouco mais ameno, sob influência do Mediterrâneo.

A maioria dos monumentos está bem conservada e abre bem o livro da complexidade e multiplicidade com que os egípcios teceram a sua religiosidade de enfrentamento dos medos e afirmação de poder.

Alguns estão em ruínas e semi-destruídos. Mas, mesmo assim, são entendíveis. Às vezes mais que os completos como é o caso das ruínas do Templo de Kom Ombo, que deixou ver a câmara secreta em que os sacerdotes se escondiam para manipularem os faraós, gritando-lhes a pseudo resposta dos deuses (na versão que mais lhe convinha) às perguntas que o ingénuo soberano formulava e, julgava ele, dirigidas às divindades.

Os turistas abundam mas não são em demasia. Sobretudo devido à retracção havida em muitos europeus e americanos de viajarem para o Egipto desde a chacina perpetrada pelos fundamentalistas no Templo da rainha Nefertiti em Luxor, uns anos atrás.

Face ao tanto que há para ver, a solução recomendada, para quem não é egiptólogo, é apanhar o essencial, saber desligar antes do ponto de saturação, e, no regresso, comprar e ler o Dicionário do Antigo Egipto, obra publicada sob direcção do Prof Luís Manuel de Araújo (Ed. Caminho).

(Foto de Pedro Tunes)











Publicado por João Tunes às 17:42
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