Domingo, 26 de Setembro de 2004

NILO E SINAI (31)

Egipto 1376.JPG

Antes da ocupação israelita (guerra dos seis dias, década de sessenta no século XX), a Península do Sinai era, no Egipto, pouco mais que território dos nómadas berberes, zona de extracção mineral e refúgio para alguns monges cristãos. Israel transformou Sharm el Sheik num poderosa e estratégica posição militar (tendo em conta a proximidade com o tráfego pelo Canal do Suez e pela proximidade aos portos sauditas exportadores de petróleo) e em instância turística para gozo das delícias do Mar Vermelho.

Após a devolução do Sinai ao Egipto, Sharm el Sheik (cujas estruturas hoteleiras e de lazer haviam arrancado com os israelitas) tornou-se num pólo de crescente intensidade turística onde todas as grandes cadeias hoteleiras internacionais assentaram arraiais. Por um lado, Sharm el Sheik permitiu diversificar e complementar a oferta turística cultural do vale do Nilo, por outro lado permitiu manter o fluxo turístico, compensando as diminuições de procura do vale do Nilo desde os atentados terroristas em que os turistas foram os alvos. Entretanto, os berberes, afugentados do deserto montanhoso pela instabilidade e belicismo da região, sedentarizaram-se, na sua maioria, na costa norte e mediterrânica e em Sharm el Sheik onde se empregam nos trabalhos menos qualificados da prestação turística (similar ao ocorrido com os núbios do sul do vale do Nilo).

O principal pólo de atracção de Sharm el Sheik é constituído pelas águas quentes e transparentes do Mar Vermelho que se conjugam com a riqueza em corais a pouca profundidade (só com paralelo no mar australiano) e em espécies marítimas (mais de mil e quinhentas espécies diferentes de peixes de todas as cores, tamanhos e feitios). O mergulho é, ali, a forma de recreio mais procurada.

O deserto montanhoso do Sinai, constituído por uma miríade de montanhas rochosas com excelentes reflexos de luz e projectando uma vista magnífica sobre o Mar Vermelho, constitui ponto de diversidade de fruição e o Monte do Sinai (ou Monte Moisés), no centro da Península, complementado com a visita ao deslumbrante Mosteiro de Santa Catarina, permite que, entre dois mergulhos, o espírito fuja à rotina, desviando-se para a estética da natureza e da religião.

(Foto de Pedro Tunes)









Publicado por João Tunes às 14:56
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