Não me convencem os argumentos esgrimidos para
justificar que Vicente Jorge Silva, demitindo-se de militante do PS, mantenha o seu lugar de
deputado independente na bancada parlamentar daquele Partido. Falo do que li no
Causa Nossa escrito pelo próprio e aquilo que Vital Moreira aduziu em sua defesa e justificação.
Por um lado, é perfeitamente falacioso dizer-se que VJS se demitiu após votação para SG do PS e antes de se saber o resultado, para não se dizer ou deduzir que o seu acto tinha a ver com os resultados. Não é possível que toda a gente soubesse, menos VJS, quem ia sair vitorioso. Admitir isso é passar testemunho de menoridade a uma pessoa que se destaca como excelente analista político. A teatralidade da escolha do momento decerto não se verificaria se Alegre tivesse as hipóteses que todo o mundo sabia que não tinha. Ou então, o apoio de VJS a Alegre foi uma leviandade que pretendia ser cruel para o apoiado.
Argumentar-se que VJS regressa à qualidade de
deputado independente com que entrou no Parlamento e que igual estatuto têm outros deputados pelo PS, é brincar com a substância das coisas. Um
independente é-o enquanto é. Depois de aderir, saindo, deixou de poder retomar a virgindade de origem. Passa automaticamente à qualidade de
ex. É uma opção sem retorno. Como acontece à donzela, depois da primeira noite a dormir com o namorado. Em VJS, há um acto de rotura partidária e a manutenção de um lugar na bancada parlamentar do partido que se renegou. Simples, se não complicarem.
VJS até podia dizer assim:
- Saí do PS. Mas fico como deputado. Pronto, então vá.E eu encolhia os ombros, tanto mais que já vi coisas bem piores. Desta forma, a justificação soa a areia deitada para os olhos.
Entendo que VJS devia abandonar a bancada parlamentar do PS. Mas por outros motivos. Acho que faz falta ao jornalismo. Mais falta no jornalismo que a curtir contradições de coerência lá nos Passos Perdidos.