
A última quinta-feira foi o
Dia 1 de Santana Lopes atirar a
carta Mexia, o seu ás de trunfo, para cima da mesa. Foi de promoção festiva, iniciado com larga reportagem e entrevista na
Visão até acabar em
grande entrevista com Judite Sousa na RTP. Depois, tivemos o
Dia 2, com o protagonismo no encerramento do Túnel do Rossio. Vamos ter, é claro, uma continuação de fartote da mesma carta a sair vezes sem conta de dentro da manga.
A
Central de Formatação já mexe. Depois do desnorte incontrolável com a colocação dos professores e o início das aulas, mais a cascata de evidências sobre o plano de controlo da comunicação social e expressão de ideias rebeldes, depois dos desaires nas regionais das ilhas, o recurso ao
ministro gestor vem no jeito mais favorável de
esquece, passa à frente e muda o disco. António Mexia, mestre em camuflar a sua superficialidade em auditórios controlados e obedientes, usando o jargão modernista de frases feitas da linguagem de tecnocrata resoluto, aparece com o charme conveniente para dar uma imagem de competência, poder de resolução e modernismo liberal. Antigamente, a isto chamava-se impressionar o burguês (em francês, como era do bom tom da época), hoje, em linguagem mais comezinha, chamar-se-á atirar poeira para os olhos. Dito de uma ou outra forma, temos o
populismo na sua evidência camuflada o circunstancial e o fáctico na boca de cena, enquanto a essência, ela mesmo, vai passando devagarinho em mistura com o charme discreto dos interesses instalados.
Mas se a peça durar tempo suficiente para ter vários actos, ainda nos arriscamos a ter a parte macaca, quando Mexia, cuja ambição há-de perturbar o jogo prolongado de ser
braço direito, disser para Santana saí daí que quero o teu lugar, eu tenho maior cotação no mercado dos capitais políticos. Caso Santana não saiba isto, ele que tenha uma conversinha confidente com Pina Moura - o
autor da criatura, aquele que deu o primeiro calor para chocar o
ovo da serpente.