Os trabalhos, vai para dois anos, que a frágil Romãzeira me dá! Dou-lhe água e aprumo, faço-lhe carícias como as que tenho guardadas para as crianças, mondo-lhe as ervas ávidas de com ela repartirem a sede, cato-lhe bicharada parasita, dou-lhe nutrientes em biberão, quantos abraços de loucura romântica e sensual já lhe dei para que ela se aguentasse (sobretudo durante a canícula do ano passado), sempre confiando que ela não me ia trair a missão de valer pelos livros que não escrevi nem vou escrever. Cheguei a desacreditar que a Romãzeira apostasse em repartir vida comigo, seu dono e tutor. E eu a pedir-lhe, de uma forma que não digo por vergonha, que me desse a dádiva de uma flor que nunca havia visto – a de uma romã em estado de flor, que eu supunha rubra e carnuda (e como eu gosto de carnudas que sejam rubras, nas suas possíveis encarnações de flores, frutos ou mulheres!).
Valeu!, a minha Romãzeira, tão frágil e tão serena, com as suas folhas finas, minúsculas e sedosas, únicas na diferença, deu-me a dádiva da sua primeira flor e ameaça com mais prole. Já posso olhar para qualquer biblioteca sem lá ver livro meu.
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