
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, organismo autónomo da Organização dos Estados Americanos, decidiu empenhar-se na resolução de três casos de violações dos direitos humanos em Cuba: julgamentos sumaríssimos e condenações à morte; julgamento e condenação de 70 dissidentes e opositores detidos entre Março e Abril de 2003; detenção ilegal de opositores por exercerem o direito à liberdade de expressão.
De acordo.
Praticamente por unanimidade (voto contra dos EUA, é claro), a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução (13ª desde 1992) a condenar o embargo - económico, comercial e financeiro - decretado pelos EUA contra Cuba - que vigora desde 1962, tendo sido ordenado por Kennedy - e que foi recentemente agravado pela Administração Bush.
De acordo.
Estas são duas faces da mesma moeda a violência contra a liberdade em Cuba e a estupidez do bloqueio da Administração dos EUA contra Cuba. Que, ao nível do pretexto, se alimentam num círculo vicioso como se fosse um jogo combinado e recíproco de causa e efeito que ajudam ao prolongamento da ditadura cubana.
O bloqueio a Cuba é uma das bóias para a ditadura castrista continuar a nadar. Porque alimenta a demagogia vitimizadora do regime e porque enferma da estupidez de análise de se pensar que as dificuldades de vida de um povo lhe espevitam o desejo de conquista dos direitos cívicos. A degradação das condições de vida do povo cubano conduz inevitavelmente a que o seu horizonte reivindicativo de cidadania se rebaixe à luta pela sobrevivência económica. E quando a cidadania desce para o desenrascanço para se chegar ao pão (através de esquemas ou da fuga do país), a liberdade bem pode esperar para depois. Porque, assim, a imagem dos Estados Unidos, para os cubanos, ou é uma bela ou é um monstro para uns, onde está a riqueza; para outros, quem lhes tira o acesso ao pão. A democracia não é para ali chamada.