Quarta-feira, 24 de Maio de 2006
Sou absolutamente contrário ao envio da GNR para “restabelecer a ordem pública” em Timor Leste. Nestas condições, nas condições de um conflito interno, mandar uma força policial e repressiva intervir nos assuntos domésticos de uma antiga colónia só pode ser associada, por portugueses e timorenses, a um regresso à “ordem colonial”. Acrescentando um problema aos problemas internos de um País soberano. Mesmo sob pretexto de ser a pedido da facção no poder. Asneira. Contra, absolutamente.
Meu caro, não sei se será contra-producente o envio da GNR, embora compreenda as suas dúvidas, oposições e, eventuais, interrogações.
Por aquilo que eu sei e por aquilo que me fazem chegar por portas e travessas, estas forças serão mais como contraforte à presença dos australianos que, clara e inequivocamente, apoiam o governo de Alkatiri enquanto os chamados rebeldes contarão com a velada simpatia de Ramos Horta e Xanana e querem, eles mesmos, a presença da GNR que já, há pouco tempo, teria sido solicitada pelo próprio Horta a Portugal e, como rápido que o Palácio das Nacessidades é, foi dizendo - depois de casa roubada (Iraque) trancas à porta - só com o pedido e o beneplácito da ONU, como parece ainda não ter recebido, porque o CS da ONU só se reune amanhã, quinta-feira.
Entretanto, já os amigos australianos vão a caminho com homens (cerca de 1300), barcos e material pesado, conforme pedido do Governo timorense, para fazer face a 50 militares(?).
Um kandando amigo
Eugénio Almeida
Caro Eugénio, tudo o que disse só me confirma a ideia de inoportunidade do envio da GNR. Vai actuar por uma facção contra outra. Isso é ingerência. Para mais, tratando-se de uma força policial-repressiva da antiga potência colonial. Penso eu. Abraço.
Não foi com uma atitude de "não intervenção em assuntos internos de outros países" que permitiu os massacres da Libéria, Serra Leoa e Ruanda.
Quando a autoridade de um Estado se dilui, e ele se revela incapaz de manter a ordem e garantir a segurança e tranquiilidade das populações, então a Comunidade Internacional deve intervir.
Então, caro Marco, pq não o mesmo procedimento com a Guiné consumida meses a fio em confrontos internos? A GNR é a Comunidade Internacional? A haver intervenção, acordada com o governo timorense e sob patrocínio da ONU, ela devia integrar forças de outros paises que não Portugal, Indonésia e Austrália. Para que não houvesse leituras ínvias que deite gasolina no fogo. E porquê Portugal? Timor Leste é país soberano e não somos seus tutores, não havendo independências grátis e protegidas. Aliás, recentemente, Timor demonstrou a sua distância relativamente a Portugal, quando preferiu a Agip à Galp. A "corrida" a Timor não passa de um reflexo paternalista de colonialistas com a consciência pesada por erros, desleixos e leviandades passadas. Explorada pela facção descontente com a influência australiana sobre Timor. E será assim lida por uma parte dos timorenses. Ou seja, vamos acrescentar um problema aos problemas já existentes.
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