O único despropósito na atribuição, este ano, do Prémio Camões a Luandino Veira é a demora na sua atribuição.
Em termos literários, o conhecimento da figura e obra de Luandino Vieira, infelizmente, está muito prejudicada, em termos de notoriedade, pelo seu passado de martírio como combatente anticolonial. O facto de ter sofrido tanto na pele e na alma o salazarismo pidesco deu-lhe uma “marca política” que sempre contribuiu para que a sua produção literária corresse o risco de passar a segundo plano (diferente tem sido o reconhecimento para com Mia Couto, cuja “marca política” nunca foi tão forte, que se cimentou nos seus enormes méritos de criador literário). Por isso mesmo, o grande escritor Luandino Vieira tem passado, em termos de referência, demasiadamente esquecido ou até ignorado. Oxalá o Prémio Camões ponha mais gente a ler a obra literária de Luandino e a gozar o prazer da construção e reconstrução do falar africano da língua portuguesa (como aqui se dá exemplo). Por muito que isso dane a Dona Agustina Bessa-Luís.
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