Nisto da podridão política nunca sabemos onde começar e acabar a escala. Porque há sempre lugar para mais uma surpresa que empurra a capacidade de nos escandalizarmos mais para longe.
Bem sei que a corrupção é inerente ao poder. A pequena, a média e a grande corrupção. A descarada e a embutida numa lei, portaria, despacho ou favor de gabinete. E que se há parceiro eterno na luta pela democracia, o mais garantido deles é o do combate à corrupção. A ilícita e a institucional. Ou legal, se assim se lhe quiser chamar.
Um aspecto pródigo da podridão política é o cruzamento entre Estado e negócios. Com a maturidade democrática, aumenta a sofisticação das voltas e dos esquemas. Cuja perfeição é aparentarem, ou serem até, simples coincidências. Como parece ser o caso de Joaquim Ferreira de Amaral, homem com imagem de homem sério, que hoje acumula lucros na Lusoponte, a que preside, mercê de uma cláusula que lhe concedeu a sua (dele) decisão ministerial (quando ministro do impoluto Cavaco) de garantia de monopólio nas travessias do Tejo, de Vila Franca até à foz (configurando a monstruosidade da figura de domínio privado e absoluto sobre a possibilidade material de se atravessar um rio, capricho público da natureza).
Pode ser que Ferreira do Amaral, sentado em cima do seu antigo despacho ministerial, continue a ser presidente da Lusoponte (os presidentes das empresas não vão a votos nem são referendados). Mas isso não o livra de ser um excelente gestor tendo sido (ou por ter sido) o mais podre dos políticos que a democracia deu à costa. Veremos se a vergonha lhe faz subir o sangue à cara. Quanto ao Presidente Cavaco, o incorruptível da solenidade de referência, obviamente que o teremos impante e assertivo a condenar o despautério. É só esperar para ver.
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