Um dia, o mito, este mito, teria de vir abaixo. Refiro-me ao mito plasmado pela figura gigantesca de Mandela e que prenunciava uma África do Sul fraterna, rica e próspera, capaz de arrastar a África corroída, adulta de ideologias, com uma capacidade infinda de sarar feridas, dando lições sábias de um humanismo social a nascer dos espinhos de um dos maiores anacronismos construídos pelo domínio de homens sobre homens, heroificado no perdão superior dos antigos vencidos. E tantos fomos os que desejámos essa África mítica construída à sombra de Mandela que esquecemos que o pior do colonialismo, mais as suas construções simétricas (Neto, Dos Santos, Savimbi, Machel, Chissano, Dlakhama e outros), andaram por ali ou ali perto e que Mugabe existia e existe. Confundiu-se Mandela e ANC, com o Herói a esconder as espirais de poderes armadilhados e perdeu-se o sentido das lógicas diferentes que se estavam, artificialmente, a fundir. Agora, infelizmente, não falta saber mais que verificar se o mito do ANC morre ou não de pé. Não evitando uma certa tristeza ao ter de se confirmar que as nódoas têm atracção especial pelo melhor pano, incluindo o melhor pano africano.
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