O Prémio Pessoa foi atribuído a Irene Flunser Pimentel, historiadora que publicou “A História da PIDE” (*), “Mocidade Portuguesa Feminina”, "Vítimas de Salazar" (com outros autores) (*) e "Os judeus em Portugal durante a 2ª Guerra Mundial". À premiada devemos-lhe ter colocado, com vigor e rigor, no centro da historiografia portuguesa dedicada à fase do Estado Novo, numa época, a nossa, em que teimam coexistir, na mesa dos mitos e em concórdia de antinomias exclusivistas mistificadas pela propaganda, quer o revisionismo branqueador do fascismo português como o monopólio heroicista do antifascismo congelado pelo comunismo serôdio (polo pretensamente equilibrante, como máscara a esconder a cara política, da sua essencial negação da liberdade e da democracia por fidelidade ao modelo de redenção violenta e ditatorial de matriz leninista, que é a essência ideológica e dúplice do PCP), unidade contraditória esta bem expressa nas cenas patético-burlescas com que se tecem os duelos entre a URAP e o Museu de Santa Comba Dão, o desbravar da memória concreta da perfídia do meio século "de chumbo" da tirania enformada por Salazar. Se o júri do Prémio decidiu honrar-se, ao honrar o labor de Irene Pimentel, então também ele mereceu o prémio que atribuíu.
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(*) – Estes livros foram comentados neste blogue (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
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Adenda: Vale a pena ler o que um vizinho da premiada, Nuno Brederode Santos, diz em abono do galardão e da galardoada.
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