Por paradoxo monstruoso, enquanto na União Soviética 3.000 escritores eram reprimidos de várias formas, metade dos quais morreram em campos de concentração ou foram fuzilados, outros milhares, muitos mais, de escritores a ocidente do país do “terror vermelho”, sofrendo o fascismo ou desgostados com o capitalismo, tentavam ensinar às almas o caminho do precipício comunista, numa espécie de jogo sado-masoquista de atração pelas filas do matadouro. E a maioria destes, obviamente, não imaginava ou nisso não queria acreditar, a sorte que lhes restaria se a ilusão sonhada e posta a sonhar se tornasse realidade, demonstrando depois, demasiado tarde, como há ilusões que matam e nos matam.
Vitali Shentalinski (na foto) dedica-se há vários anos, mais de duas décadas, a evidenciar, perante o silêncio cúmplice do conforto da mentira acumulada pela propaganda, as provas de como o regime soviético odiava os escritores e a literatura. Escritores a quem só eram fornecidas duas opções: ou bajularem o comunismo, negando-se enquanto criadores, ou o caminho da prisão ou do tiro na nuca como paga pela independência e a rebeldia, no reino onde pela verdade e pela literatura se morria.
Resta saber quantos, ainda hoje, preferem conhecer as revelações de Vitali Shentalinski ou adormecer sobre a mentira tecida na ilusão.
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