Na série “A Guerra” de Joaquim Furtado a passar na RTP, o enfoque nas raízes dos conflitos armados traz ao cimo os pólos mobilizadores das revoltas africanas e que se prenderam com as realidades cruas em que o aparelho repressivo respondia pelo recurso aos massacres quando os africanos contestavam a brutalidade da exploração colonial. Na Guiné, em 1959, no Pijiguiti (porto de Bissau) um movimento reivindicativo de aumento salarial por parte dos marítimos é reprimido à bala (os primeiros actos de combate dos guerrilheiros deram-se em 1963). Em Moçambique, em 1960, os cultivadores de algodão macondes descontentes são dizimados aos tiros em Mueda (as primeiras acções da guerrilha tiveram lugar em 1964). Em Angola, em Janeiro de 1961, uma greve de “contratados” da colheita do algodão na baixa do Cassanje, é reprimido à bala e com “napalm” (as primeiras acções anticoloniais deram-se, depois, em Fevereiro e Março desse ano). O que subverte a usual atribuição da paternidade do início das guerras coloniais. Analisando do ponto de vista militar, foi Portugal que, desencadeando as hostilidades armadas, deu início à guerra colonial contra os povos africanos que tinha sob seu domínio. Porque, de facto, os primeiros tiros não foram os dos guerrilheiros. O seu a seu dono.
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