
O 5º episódio de hoje da série de Joaquim Furtado sobre as guerras nas colónias portuguesas (RTP 1, às terças-feiras) não apresentou uma única imagem de combates. Foi um episódio inteiramente “civil”. E, no entanto, apresentou os mortos, os feridos e os estropiados que explicam a guerra. Porque os outros, os que vieram depois, foram as vítimas das labaredas. Mas os fósforos e a estupidez piromaníaca andavam a monte antes, numa esquizofrenia de pastorícia da imbecilidade histórica embebida no racismo esclavagista. Era esse o “Minho a Timor”, uma fornalha em que depois se enfiaram vagas de juventudes portuguesas e africanas. Para o churrasco de um mito.
O melhor episódio até agora, se observarmos a série na sua componente pedagógica. Assim tudo se fica a perceber melhor. Mesmo o lado do avesso, ilustrado por aquela imagem de um engraxador branco a polir os sapatos de um negro (provavelmente) assimilado.
A cena é de facto exemplar. Claro que o engraxado era assimilado, senão na zona do asfalto só podia circular para ir e vir do trabalho (e com hora de recolher). Quanto ao engraxador, exemplo da colonização tipicamente alargada em Angola (em Moçambique não foi assim), a ocupação por colonos de lugares pouco qualificados (só em Luanda os taxistas eram brancos) levou ao afastamento desses postos de trabalho dos negros que antes os ocupavam e baixou o horizonte de promoção profissional e social dos africanos. Outro caso comparativo, não abordado na série (ainda?), é que enquanto em Angola toda a escala dos funcionários da PIDE, de cima a baixo, era composta por brancos, enquanto em Moçambique (conotada com um mais acentuado racismo), por défice de povoamento europeu, os escalões inferiores dos torcionários da PIDE já incluíam negros.
De Godzilla a 14 de Novembro de 2007
O mal do que se está a ver, foi no inicio ter havido o receio de dar aos documentários o seu verdadeiro título. "A GUERRA", mas qual? Aquela em que se ouve um individuo dizer alto e bem som que receberam armas da Tunísia através do exercito deste país na ONU.
Ou ainda do mesmo individuo que havia ordem para matar o branco e o preto que não quisesse alinhar com eles? Mesmo que fossem crianças?
Afinal tivemos o quê? Uma guerra de libertação, para se libertarem do quê?
Será que são livres agora e deixaram de ser explorados?
No episódio de ontem falam-nos de conceitos reais, mas aquilo que eu vi naqueles tempos em nada se compara com a realidade dos dias de hoje.
Será uma história que se terá que escrever mas sem outras 'estórias ' pelo meio. É que cada um de nós que lá esteve a dar o corpo ao manifesto tem muitas 'estórias ' par fazer a história e se calhar mesmo assim há outras mais reais do que a sua.[:<]
De Pinto de Sá a 14 de Novembro de 2007
Foi excelente , mais uma vez, o episódio de ontem!
Ocorre-me, porém, que a bem da contextualização histórica vale a pena ter dois factos em conta:
1) não sei de país algum que, à época (anos 50), não tratasse os pretos com racismo. O movimento pelos direitos civis ainda não tinha ocorrido nos EUA e Estaline nunca pôs em causa os Impérios coloniais, razão por que o PCP só acordou para o anti-colonialismo no seu Congresso de 1956.
2) a "correcção" pela palmatória não era só apanágio dos pretos: naquele tempo toda a gente - brancos e pretos - era corrigido dessa forma na escola primária.
Não estou aqui a procurar "branquear" nada. Apenas a lembrar que se calhar naquele tempo (anos 50) teríamos achado tudo normal. Mas ainda bem que os tempos mudaram, claro!
De ANTIGOS COMBATENTES a 14 de Novembro de 2007
Espero que venha a ser tratado o assunto dos Antigos Combatentes , o OSTRACISMO a que fôramos votados , vários países com colónias já deram direitos aos antigos Militares . A injustiça dura à 33 anos Reformas a partir dos 55 anos para os Combatentes .
Os políticos deviam ter vergonha do tratamento que nos deram, Vergonha sim.
Com um subsídio complementar para frequentar um curso de portugês a ser dado às vítimas da maior vergonha: a dos que, tendo defendido a bandeira portuguesa, não conseguiram aprender a língua portuguesa. Apoio meu, o de um antigo combatente.
De Godzilla a 17 de Novembro de 2007
Como combatente não me revejo em muitas posições tidas por algumas Associações de Antigos Combatentes. Somos ex-combatentes mas não inválidos. A todos os que tiveram a infelicidade de ficar deficientes a esses sim deveria haver mais cuidados, consoante os seus graus de deficiência. Aos que faleceram dever-se-ia compensar as famílias com melhores condições. Contudo aquilo porque se lutou de principo está conseguido, A contagem do tempo em que se esteve na vida militar obrigatóriamente.
Comentar post