Poupo-me entrar na especialidade e na opinião definitiva na discussão sobre o encerramento de maternidades. Entendo algumas razões de racionalidade e topa-se à légua a demagogia que escorre na manipulação das movimentações “anti-encerramentos”. Mas não deixo de ser sensível ao apego de proximidade no acto do parto. Ao fim e ao cabo, não vão assim tão longe os tempos em que a maioria das mulheres pariam no leito da sua residência, cumprindo o princípio: “onde se engravida, aí se dá á luz”.
Mas o caso das “maternidades” não deixa de mostrar que temos um ministro (da saúde) que é parvo e um governo, comportando um ministro parvo, que é estúpido. Politicamente falando. Na comunicação com os cidadãos, os símbolos devem ser pegados com pinças. Porque os símbolos, e os seus sinais, ou ecos, são a forma perceptível como o senso comum lê a política, a governação. Obviamente que a mudança pressupõe o enfrentamento ao atavismo, à tradição e ao corrente. Mas, como não se pode ir a tudo e a todos, é que existe o que se chama de definição de prioridades. Em nome da racionalidade e da melhoria de cuidados, afronta-se um ponto ultra sensível – o da proximidade no acto do nascimento. E isto num quadro cultural-religioso em que o “culto mariano” e o símbolo do “menino Jesus”, são fortíssimos, mesmo que arcaicos. Parvoíce, portanto. Até porque o argumento da “falta de condições” das “maternidades pequenas e periféricas” não cola de modo algum. Pois que da “falta de condições” pode sempre mudar-se para as “boas condições”. Não desarmando, assim tão facilmente, como o ministro, perante Badajoz.
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