Domingo, 11 de Novembro de 2007

Caro Luís,
Não, não é motivo para te olhar de lado. Antes, cada qual com sua posição. Se não partilho do teu encanto por Juan Carlos de Borbón, já andaremos próximos na antipatia pelo social-cristão Chavez (pela forma como ele está endinheiradamente a sangrar a democracia na Venezuela e sobretudo pelos modos espalhafatosos e autoritários como se exprime).
Mas vamos ao incidente na Cimeira Ibero-americana já que me meteste nesse baile dançado em ilustre salão de barba, cabelo e unhas aparadas. Obviamente que Chavez, uma vez mais, portou-se como um insolente insuportável, um provocador de pacotilha e um traquina cobardola ao atacar, insistindo no insulto, um antigo governante ali ausente e, portanto, sem meios para o obrigar a engolir o insulto. Mas Chavez, até que dê o último aperto de pescoço à democracia venezuelana, é um representante legítimo de um país latino-americano. Estava ali pela escolha dos votos e não por ter sido coroado por vontade e graça de um qualquer ditador. E se havia alguém naquela sala com direito exclusivo a meter Chavez na ordem, obrigando-o a comportar-se com decência, respeitando os seus pares, era a Presidenta Chilena que, como anfitriã da cimeira, presidia aos seus trabalhos. E, desculparás, o único personagem presente com incapacidade para mandar calar Chavez era Juan Carlos de Borbón (veja-se a forma firme, digna e elegante como Zapatero reagiu ao destempero de Chavez). Primeiro, porque, numa cimeira de países democráticos e com representantes dos povos ibero-americanos todos eleitos pelos seus povos, não é aceitável que a única excepção quanto à raiz de legitimidade (Juan Carlos, por muito simpático e útil que seja, é Rei pela graça de Franco) exerça o mesmo tipo de autoritarismo e sobranceria como se estivesse a passear por Ceuta e Melilla. Foi um tique de imperador em visita a terras do reino. Inadmissível. Tanto que ultrapassou, em gravidade, os insultos de Chavez. Desautorizando, por via do desatino, uma sua anfitriã com soberania republicana a merecer respeito.
Aquele abraço.
De Van Aerts a 11 de Novembro de 2007
Repare que o rei está legitimado pela constituiçao espanhola aprovada pelos principais partidos políticos e que este rei teve um papel fundamental na consolidaçao democrática ao nao apoiar de forma clara e inequívoca a tentativa de golpe de estado em 1981.
Claro que tem essas razões. As da "transição", ou seja, razões de passado se considerarmos que, hoje, a Espanha é uma democracia madura sem necessidade de tutoria. Os compromissos de transição de ditadura para democracia perduram, hoje, como uma desnecessária infantilização da capacidade de os espanhóis viverem sem uma família real ás costas e que, sem rei, se desmancham aos pedaços e se desatam a matar uns aos outros. E a legitimação de Juan Carlos porque não passa por um referendo monarquia/república, ampliando a cobertura constitucional dos representantes? De qualquer forma, a essência da questão e do post não tem a ver com a legitimidade de Juan Carlos como Rei de Espanha. Mesmo que fosse um Rei absolutamente legítimo, Juan Carlos não se pode comportar na América Latina como imperador mandando calar presidentes subalternos. E a dignidade firme como Zapatero ripostou às aleivosias de Chavez, defendendo o bom nome do seu rival Aznar, faz toda a diferença, a que vai entre um dirigente democrático, legitimidado pela vontade dos votos, e o autoritarismo de um rei impaciente e com mau ouvir. E na parte em que faltou ao respeito à Presidente anfitriã, mostrou que Juan Carlos em vez de um rei educado se portou como um rufia caprichoso, descendo abaixo da parvoíce mal educada de Chavez. Lamento ter de, pela primeira e desejando que última vez, estar a "defender" Chavez, mas, como diz o cantor, para pior já basta assim.
De marceloribeiro a 11 de Novembro de 2007
Meu caro João:
desta vez não tem razão.
1. chavez interrompeu 4 vezes (pelo menos) Zapatero (depois falarei deste).
2 A senhora Bachelet pareceu incapaz de o calar
3. O rei veio em socorro de Zapatero.
ponto B
Juan Carlos é rei por graça de Franco, da sua coragem pessoal e pela vontade da enorme maioria do povo espanhol. não é um quiddam que entrou ali sorrateiramente. Estava lá de pleno direito constitucional e político.
foi a Ceuta por imperativo governamental espanhol. Provavelmente não iria lá de livre vontade. Ceuta pertence a Espanha há mais tempo do que existe aquela entidade chamada Marrocos. Por muito que os marroquinos blasonem a Ceuta ex-portuguesa foi conquistada a um pequeno emir que nada tem a ver com o país actual
Zapatero é bom tipo, não tem governado mal mas é incapaz de dar um murro na mesa. Em Santiago como em Madrid. Em Madrid não consegue meter na ordem Rajov nem a ETA.
chavez é como V disse uma caricatura. Mas perigosa. Antigo golpista é de facto um fascista pelo que tem de autoritário, de anti-democracia, de tiranete e de vontade de se perpetuar no poder seja de que maneira for. Mesmo que mande pistoleiros ddar tiros na universidade. Chamar-lhe social cristão não abona nem o socialismo nem o s cristãos.
alem do mais Aznar não pode ou não deve ser pretexto de discussão numa cimeira sobretudo (e indo ao argumento de Chavez ) enquanto cidadão particular. E não pode ser arma de arremesso contra quem o derrotou nas urnas limpiamiente.
A senhora Bachelet não teve mão na reunião. chavez já falara o quadruplo do tempo que lhe fora outorgado e ela nada. Depois repetiu-se a cena com Ortega que no fim foi explicar-se... Ou seja há uns rapazes que pintam a manta e os outros, rei incluido que têm de aguentar.
Escrito por mcr republicano (e muito republicano espanhol) mas sempre a favor de JC contra os chavez que rebentam com a imagem da esquerda.
Só respondo que, desta vez, mantenho a razão da minha convicção. Só concedo na parte respeitante à "debilidade" da senhora Bachelet a conduzir os trabalhos (defeito típico de uma senhora educada). Nomeadamente, porque não devia ter permitido que o rei rufia que abandonou a sala para não ouvir Ortega regressasse para a cerimónia de encerramento. Devia, de facto, ter mandado a segurança barrar-lhe o regresso à cadeira.
Há uma frase no comentário anterior que me arrepia
Cito"Ceuta pertence a Espanha há mais tempo do que
existe aquela entidade chamada Marrocos"Na minha
ignorância,considero esta frase,uma defesa do
COLONIALISMO...e,mais não digo
De Godzilla a 12 de Novembro de 2007
Apesar de não concordar com a atitude do rei de Espanha, julgo que aquele direitista armado em bolchevique nem sequer devia ter estado sentado onde esteve. Falta de categoria e sem palavra está a levar um país próspero para a ruína. Gostava de ver e ouvir o seu grande defensor que existe em Portugal, mas agora está calado quem nem um rato.
De zeca a 13 de Novembro de 2007
vamos ter um Robert Mugabe na américa do sul, esperem para ver...
Se estamos a pensar no mesmo (e porque não meter os nomes nas alusões a pessoas?), Mário Soares, ele ainda não falou mas falou o filho (que condenou a atitue do rei).
De filomeno a 20 de Maio de 2008
El Doctor Alan García alabó la actitud del Rey Don Juan Carlos
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