Miguel Urbano Rodrigues, o companheiro das FARC que foi director do falido “diário da verdade a que temos direito”, hoje transformado em pirotécnico da ala mais esquerdista do PCP, embandeirou em delírio com a manifestação de 18 de Outubro e já antevê (só “faltam as condições subjectivas”…) o regime a desmoronar-se por acção das massas em fúria (conduzidas pela “vanguarda revolucionária organizada”, o PCP), contra “uma politica em que despontam já matizes neofascistas”:
Esta manifestação repetiu outras anteriores, superando-as pela participação, pela consciência da gravidade da crise revelada pelos trabalhadores, e sobretudo pela percepção de que os grandes protestos populares somente desembocam numa confrontação frontal com o Poder quando se inserem numa estratégia cuja vitória pode desembocar numa mudança de regime.
Na sociedade portuguesa estão criadas condições objectivas para inviabilizar a permanência deste governo. Faltam as subjectivas.
Convêm não esquecer que algumas das revoluções que mudaram o rumo da história principiaram com manifestações de protesto que, ao repetirem-se e ao evoluírem para o choque permanente das massas com o Poder, minando-lhe a base social de sustentação, o impediram de impor a sua vontade.
Os trabalhadores e a CGTP cumpriram exemplarmente o seu dever na jornada do dia 18. Nestes dias em que a burguesia insiste no desaparecimento da luta de classes, a classe operária portuguesa ofereceu-lhe um desmentido categórico no Parque das Nações.
Em Portugal existe um forte partido marxista-leninista com um programa que aponta o socialismo como objectivo. É outro factor positivo porque sem vanguarda revolucionária organizada, a classe dominante não será derrotada por acções espontaneistas, por mais participadas que sejam.
Estamos longe, muito longe de uma dualidade de poderes. Mas os de cima não vão poder por muito tempo governar como querem.
O governo desta ditadura socratiana da burguesia, com máscara democrática, está progressivamente a desenvolver, na dialéctica do processo, uma política em que despontam já matizes neofascistas.
O povo português – repito – está em condições de se assumir em sujeito, como aconteceu em grandes momentos da sua história, e de travar a escalada reaccionária, derrotando o projecto monstruoso em desenvolvimento.
Pelo que escreve, o sujeito já deve ter preparado, no quadro das condições objectivas, uma espécie de imaginada NKVD para tratar do juízo e da saúde aos “neofascistas” e quem mais se oponha à “estratégia cuja vitória pode desembocar numa mudança de regime” que aproxime a “dualidade de poderes” da pré-insurreição. Se este Miguel tivesse um mililitro de tino, então é porque se aproximava a hora de se fugir. Sendo só, como parece ser, um caso de senilidade marxista-leninista, aguentemos porque o delírio não dura sempre.
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