Lido aqui:
A nau Portugal vai vogando para o no man’s land da desideologia em nome do pragmatismo, da realpolitik e do combate aos abusos e desvios revolucionários. Mesmo se esses abusos já só forem uma mera lembrança, mastigada por vinte anos de normalização, por mais um par de anos de união europeia. E pela desqualificação acentuada das organizações putativamente á esquerda do partido socialista. Também delas só resta uma vaga recordação. O partido comunista enquistou-se numa tristonha e defensiva hagiologia de Álvaro Cunhal, o último bolchevique, e o chamado bloco de esquerda, tem tão pouco de bloco como de esquerda: basta ver a ânsia com que se coligou em Lisboa e a pobreza das propostas que apresenta. É folclórico, provavelmente anti milho transgénico e socialmente fracturante mesmo que isso diga pouco ou nada aos “trabalhadores” portugueses. É mesmo, a nível de direcção política visível, outro símbolo de uma certa elite que desde sempre se associou à detenção do poder.
Neste teatro de sombras que é a política nacional, a frase de Sócrates tem pelo menos um mérito: indica um caminho. Não o caminho futuro mas o caminho já feito. Daqui para a frente tudo é possível, por exemplo vir a ser o partido centro-central.
E não se preocupem os que pensam o mundo como algo em que há horror ao vazio. Em Portugal é perfeitamente possível haver centro, direita e até extrema direita sem necessidade de esquerda. Nalguma coisa havíamos de ser originais.
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