
Em desporto, como em tudo, o mal está nos gostos únicos. E que, em Portugal, se verifique a ditadura da futebolite. E como nem todos os jovens se podem realizar desportivamente em fintas com os pés, não se incentive suficientemente a prática de outras actividades desportivas. Porque a motivação atractiva pelo desporto deriva muito do seu efeito espectáculo, pois é ele que lhe dá o condimento de ressonância social mítica e heróica capaz de atrair os jovens através de saudáveis processos imitativos. E é pela variedade das várias modalidades que se pode reduzir o afunilamento definhador do modelo único do espectáculo único. Acho eu.
Diferente pensa a Joana Lopes. Com o culto (exclusivo) pelo ténis, desanca assim, desalmadamente, no basquetebol e no rugby:
agora choveram também mil comentários sobre um grupo de matulões que consegue meter bolas em cestos e um outro que perdeu logo mas é orgulho da raça por ser amador entre profissionais
Há horas de escrita infeliz. Toca a todos.
João
Este comentário deveria ser colocado no blogue"Entre
as Brumas da Memória"mas,verifiquei que o espaço
para comentar é curto,tendo assim que utilizar a tua
página.Não esperava este comentário da Joana Lopes.
Eu sou um dos"matulões"com 1,65 m.de altura,ex-
praticante federado de rugby,actualmente jogando
ocasionalmente em Torneios de Veteranos,apesar dos
59,que ninguém me tira.Sou também presid.da direcção,com muito prazer,do único clube de rugby
com sede numa aldeia.Este desporto ensinou-me
bastante.Ensinou-me a ser duro e,ao mesmo tempo,
leal durante os oitenta minutos de cada jogo.Ensinou-me a enfrentar um" gigante"de 2,00 m.com a mesma
determinação com que enfrento um da minha estatura
Ensinou-me ser o colectivo a contar,não uma ou duas
"estrelas"que poderão existir na equipe.Poderá parecer,ser cada jogo,um combate e,no fundo é isso
mesmo que acontece,mas,é um combate com regras
rígidas,onde não se vêem cenas de agressão maldosas que por vezes acontecem noutros desportos
O rugby é inovador,já não falo no uso da comunicação
electrónica pelos árbitos,falo,vi há meses num torneio internacinal de seven's,uma senhora apitando
um jogo entre duas equipes dos tais matulões.Seria
isto possível noutro desporto,num jogo de Selecções?.
Não se vê,além do capitão,um atleta a discutir com o
árbito.No fim dos jogos todos se cumprimentam com
cordialidade,batendo palmas à equipe adversária.
Gostei de ver o Nelson Mandela,em 1999,com o boné
da Selecção Sul-Africana na cabeça,vibrando intensa-
mente,com a vitória dos Springboks.
Podia dar alguns exemplos de pessoas que a Joana
conhece e,possivelmente estima,que jogaram rugby,
mas não vale a pena ir para exemplos individuais.
Em desporto,como em tudo,espero não ser sectário,
gosto praticamente de tudo,principalmente a nível de
Selecções,futebol,basquetebol,andebol,atletismo,
ciclismo,etc.Já vi ténis,na TV,confesso não saber as
regras e,acho ser um desporto de "estrelas",algumas
bastante caprichosas,refilam com os árbitos,atiram
raquetes ao chão,enfim...fazem umas cenas.
Vamos ao Hino.Emocionei-me quando vi o Carlos Lopes,a Rosa Mota e,recentemente,o N Évora,subirem
ao pódio ao som do Hino Nacional e a Bandeira a subir
pelo mastro.Emocionei-me,ontem,quando vi todos os
atletas da Selecção,incluindo os de origem Argentina,
cantarem o Hino,alguns com lágrimas nos olhos.Era
Portugal que estava lá para defrontar a Escócia.
Há muitos anos,também me emocionei,da mesma
maneira,ao ouvir cantar o Hino Nacional,no II Congresso da Oposição,aqui perto,em Aveiro.A Joana
lembra-se,é certo
Abraço
João e Paulo,
Nada de mal-entendidos : eu não tenho nada contra nenhum desporto, muito pelo contrário.
Só me irrita que se dê importância a alguns (é agora o caso do basquetebol e do rugby) SÓ QUANDO E PORQUE estão portugueses a COMPETIR (o que é diferente de praticar). Houvesse algum tenista português importante e seria o mesmo, certo?
Pois, cara Joana, "nada contra nenhum desporto, muito pelo contrário" mas uma equipa de basquetebol é "um grupo de matulões que consegue meter bolas em cestos"...
Sobre o basket e a selecção portuguesa, umas breves notas (claro que contaminadas pelo facto afectivo de por lá andar um meu sobrinho): a) Nem todos são "matulões" (um dos bases tem 1,74m); b) Os que nasceram "matulões" têm direito a praticar desporto e, naturalmente, o basket é o desporto mais adaptado à morfologia de quem nasceu alto(a); c) Em algumas posições (os postes), a altura é determinante mas está longe de ser suficiente (um muito alto com pouca mobilidade ou com os rins duros ou com fracos reflexos ou com baixo controlo corporal de nada lhe serve ter 2,50m); d) Os bases não devem ser muito altos e os extremos sim mas não demais; e) A selecção portuguesa, no conjunto, é das "mais pequenas" na Europa, o que não impediu sucessos assinaláveis neste Europeu para equipa de um país com fraco nível quantitativo na prática da modalidade (beneficiando do facto de a maioria dos seus jogadores terem evoluído jogando em Espanha que tem a liga mais competitiva da Europa); f) O basket, como todos os desportos, evoluiu tremendamente nos últimos anos (as regras, as técnicas, o piso, a bola, as sapatilhas, as táticas, etc); g) O basket é o único desporto em que nas disputas próximas, quase corpo com corpo, não é permitido qualquer contacto físico, o que exige uma tecnicidade extrema na disputa pela posse de bola; h) Numa equipa de basket eficaz, todos defendem e todos atacam. Resumindo: nem uma equipa de basket é um "grupo de matulões" e o "meter bolas em cestos" é o culminar de um sofisticado jogo de equipa.
Sobre o rugby, falou, e bem, o Paulo Santiago.
Sobre o "patriotismo desportivo" é "mal do mundo". Qual o país em que não há forte projecção nas suas vedetas desportivas? E em desporto, o "esperanto" ainda não foi inventado. Claro que há o patrioteirismo que chateia, sobretudo quando chega à histeria. Mas, de qualquer modo, a mobilização á volta das selecções sempre atenua outra praga maior: a clubite, essa sim absolutamente tribalista.
Abraços aos dois (Joana e Paulo). Com votos de bom e mais desporto.
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