Nenhum período da história russa – e talvez mesmo mundial – contou com tanto fervor artístico e energia criativa como o da Revolução Socialista de Outubro de 1917. Poetas, pintores, fotógrafos, arquitectos – de várias escolas estéticas e estilos artísticos – empenharam-se militantemente na criação de novos horizontes artísticos e na luta pela construção do socialismo no seu país.
O departamento encarregue da educação pública e das questões da cultura, o Comissariado para a Instrução do Povo, dirigida por Anatoly Lunacharsky estabeleceu um conjunto de prioridades para estas áreas. Foram criadas diversas agências para tratar questões como a liquidação da iliteracia, o desenvolvimento do ensino profissional, o publicismo, literatura e avaliação de reportórios artísticos e as ciências.
Também no campo das artes visuais foi feito um significativo investimento: havia que estabelecer novos patamares de consciência social e defender a jovem Revolução, acossada por forças militares estrangeiras e nacionais. Tal tarefa exigia uma arte transformada e transformadora.
A criação de objectos úteis para uso quotidiano foi uma das prioridades. A cerâmica e o vestuário são dois exemplos notáveis, nos quais se aplicaram conceituados artistas como Malevich ou Rodchenko.
O desenho criativo, o agit-prop, a publicidade ou a fotografia foram outra das áreas mais desenvolvidas. Os versos-slogan de Maiakovsky ou as «janelas Rosta» ficaram na história das mais inovadoras e revolucionárias obras artísticas.
Sob a direcção do Comissário do Povo Lunacharsky, realizaram-se relevantes experiências no campo cultural, educativo e ideológico, com a dinamização por todo o país dos comboios e dos barcos de agitação e propaganda, divulgando a todo o povo as ideias e as artes revolucionárias.
(transcrito daqui)
Claro que o panegírico parou a retrospectiva épico-artística no comissariado de Lunacharsky, ou seja, na década de 20 e quando a euforia andava pelo adro em desafio-estímulo perante o "novo" e ainda não tinha chegado a hora de liquidar (política e fisicamente) a elite bolchevique. E o que se seguiu? Ora contem lá o que fez Jdanov (braço direito de Estaline para as questões ideológicas e culturais do PCUS) às artes e às letras soviéticas a partir dos anos 30, convertendo-as às baias do formalismo castrado das hossanas.
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