Sexta-feira, 20 de Julho de 2007

ANTI-ESPANHOLADAS

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A embirração antiespanhola é como as cerejas, a uma segue-se outra. O que não admira, pois falta-nos outro vizinho para com ele embirrar. Passado o tempo do dito popular (alimentado pelo salazarismo) sobre ventos e casamentos, como o das tentações mal vistas e enciumadas sobre as “espanholas” que inundavam os “cabarets” na Praça da Alegria e arredores (alimentado pela propaganda clerical sobre castidades e fidelidades), também o sobre os selos com a efígie de Franco (*), temos agora a alergia aos “euros espanhóis” com a carantona do Don Juan, para mais quando as feias moedas nos inundam de peso nos bolsos (embora, verdade seja dita, a maioria seja acartada para cá por portugueses nos trocos após passeios em Espanha).

 

O Rui Bebiano foi direito à embirração contra as ditas moedas e juntou-lhe outra de sua predilecção (a militância anti-touradas), panfletando assim:

 

Da minha parte, confesso aqui que faço sempre por me livrar primeiro das moedas de um e de dois Euros com a efígie do rei Juan Carlos no verso. Mas isto nada tem de antiespanholismo atávico. Bem pelo contrário! Simplesmente o Bourbon tem aquela cara de toureiro, o que, falando numa dimensão meramente ética e artística, me repugna um pouco, pois tendo a simpatizar muito mais com o toiro.

 

Ora se sobre as moedas estamos (bem) entendidos, já sobre as parecenças de Don Juan com um toureiro, a minha discordância não podia ser mais radical. Que diabo, a maioria dos toureiros não são assim tão feios. Aliás, além de Manolete, não me lembra toureiro que fosse tanto.

 

(*)Na altura do franquismo, dizia-se que os selos com a cara de Franco não colavam nas cartas, porque quem os usava passava saliva na frente em vez de o fazer no verso do selo.

Publicado por João Tunes às 15:23
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