É de ler o terrível panfleto de Manuel Correia contra a governação e em que se inclui este libelo:

O Governo de José Sócrates ultrapassou todas as expectativas na crueldade, indiferença social e estilo autoritário com que, de cambulhada, desfavoreceu uns, preparando-lhes uma exclusão lenta e dolorosa do mercado de trabalho, e favoreceu outros, facilitando-lhes todo o tipo de operações extra-contratuais.

No mínimo, uma chicotada de crueldade para quem “ultrapassou todas as expectativas na crueldade”. Mas certeiro e contundente, como é timbre de autor, nada dado a papas na língua. Com um final de surpresa pela viragem brusca para a candura pungente da pergunta que deixou no ar: “Que papel assumirá o PS agora?”.

Ora essa, caro Manuel Correia, que pergunta essa, a resposta é simples e imediata: “Negociar com a CGTP, o PCP, o PEV e o BE, talvez também com a “refundação comunista”, para a construção de uma «esquerda verdadeiramente de esquerda»”. Serve? Claro que não serve, embora não seja desconversa. Mas, nestas coisas, condenar com funeral marcado, exigindo ao morto que dê sinais de saúde e passe receita, sem alternativa à vista, é complicado e perigoso, a menos que se espere que o milagre se levante das cinzas. Ou então haverá uma ânsia mal contida pelo regresso ao poder da "direita verdadeiramente de direita" (que, além de Belém, não se vê onde mora), esticando a coerência até o desabafo de desespero subentendido "para governar à direita que vá para lá a direita mesmo".