Como o costume, que é o pai de muitos defeitos, neste post fiz generalizações provocatórias. Só podia sê-lo vindo de quem confessa, já e aqui, que, ao longo da vida, leva uns tantos padres católicos na sua contabilidade afectiva de (boas, excelentes) amizades e camaradagens. Até levo, como crédito de conta de poupança para quando me chegar a hora da indesejada partida, uma boa remessa de terços e caminhadas de joelho em martírio (puxa!) por mercê de ter procurado conter, tentando trazer para os bons caminhos, um padre capelão, meu camarada e meu amigo, atropelado na tentação de ímpios caminhos. E um gajo, este gajo, que muito fez para segurar um padre católico de se perder no pecado, não é, no mínimo, credor do título de ateu catita? Ora…
Defini uma regra. Que mantenho. Não beliscando as excepções. Mas, na luz da claridade chã e serena do meu ateísmo convicto, que espero me salve a alma enquanto dela prestar contas de homem para homens, limpa de “charros” de uma muleta metafísica feita de ópios ao serviço do domínio sobre pessoas (falo das Igrejas enquanto instrumentos de poder), sobretudo por lhes atalharem as consciências, claro que tenho o maior respeito para com os crentes, meus diferentes, meus iguais. Sejam eles não praticantes, os praticantes e (com uma ternura especial, fraqueza de qualquer ternura) os “semi-praticantes”. Encantando-me, na comunhão da força da parábola, ler a prosa cristalina da estimada companheira M. Conceição que me deu o maná de assim comentar o meu modesto post:
”Eu que me assumo, o que normalmente se chama de "católica praticante" , sei distinguir (presunção;)) o que é o cristianismo e a frequência das sacristias. Não são coincidentes.”
”O das Neves apresenta uma religião que parece que anula os problemas dos homens. Não anula. Não há nenhuma religião que o consiga. Enquanto vivermos esta vida que temos, vamos errar, vamos pecar. Não há nenhuma fé ou deus que nos livre disso. Se aceitarmos essa verdade, então sim, sabemos viver a vida que temos. Vamos perder menos tempo a arranjar leis para nos condenarmos uns aos outros e vamos aceitar a vida tal qual é. Não paraísos terrestres como o das Neves e outros parecem que descobriram. E os santos que o Vaticano vai arranjando foram pessoas que sabiam isso muito bem. O paraíso não é aqui.”
”Ter fé, não é ter asas e sermos imediatamente transformados em anjinhos. É viver a vida tal qual ela se nos apresenta.”
Afinal, cara M. Conceição, exceptuando nos fios da retórica, discordamos em quê? Ora… (bis)
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