
O Vítor Sousa chama-lhe “a história de uma inverosimilhança real (em Portugal)”. Os seus organizadores contextualizam-no assim:
“Pretende contar uma história – a história da candidatura de Manuel Alegre às presidenciais de 2006, contada por alguns dos que a viveram. Mas pretende também sustentar uma tese – a de que esta candidatura foi o espaço de um movimento emergente, inovador e transversal aos partidos, que alastrou a todo o país e teve um carácter verdadeiramente nacional.”
O livro chama-se “Conseguir o Impossível”, trata da campanha presidencial de Manuel Alegre, teve coordenação de Helena Roseta, Manuela Júdice e Nuno David, apresenta um posfácio de Nuno Júdice e contou com a colaboração de Luís Novaes Tito. Com chancela da Dom Quixote, é posto à venda no próximo dia 21.
A minha modesta participação na campanha por Manuel Alegre foi, no calmo retiro político-partidário a que me remeti desde que abandonei o PCP em 1988, um grato momento de recaída activista e de entusiasmado proseletismo. Mais que uma miragem utópica, esta campanha pela revitalização política da cidadania e da afirmação de uma esquerda liberta das teias de aranha dos estereótipos partidários, foi uma forma de abanão, demonstrando que era possível, foi quase possível, apelar ao impossível. Ou seja, ao sonho de transformar. O que não impediu o enorme espanto de verificar que, afinal, centenas de milhares de cidadãos e cidadãs deste país estavam prontos a quererem acordar, recuperando a palavra. Isto enquanto a esquerda que gosta de ser velha, persistia no equívoco serôdio de puxar a manivela dos velhos reflexos, insistindo em mais do mesmo. Esquerda velha e teimosa esta que ainda hoje não entendeu porque é que o sonho lhes ganhou em votos.
Foi-se a campanha, ficou o sonho. Venha, agora, o livro. Para que a memória ajude a guardar o ânimo para (ainda) fazer o impossível acontecer.
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Adenda: Segundo informa o Luís N. Tito, a apresentação pública deste livro, a cargo do sociólogo Manuel Villaverde Cabral, será em 29 de Maio. Mas o livro é colocado à venda no dia 21.
De
outro a 11 de Maio de 2007
então a 21 passa oficialmente à estante. é a velhice.
gosto e não gosto do que emocionalmente senti ao ler este post. 'passar à estante' ´q quase arrumar e por terra em cima, e ainda foi há tão pouco tempo, porque é que ele ainda parece mais quando assim, 'livro', memória já lombada de estante?
claro que vou comprá-lo. claro, pois. manias. manias da velhice, assim acelerada.
abc
De JN a 11 de Maio de 2007
Mas a campanha do M. Alegre foi uma desilusão a toda a linha... Muitos chavões utópicos e pouco mais. Muita parra e pouca uva. Quanto a originalidades - que desastre! - acho mesmo que só o vetusto conceito de "patriotismo", que ele foi buscar não sei donde. E no final que sobrou? Apesar dos resultados nas urnas, foi um "ar" que lhe deu. Sumiu-se sem rasto, tipo balão vazio, numa "festa" que não chegou a inscrever-se nem deixar marca consistente.
Pelo menos para mim foi uma desilusão, que fui simpatizante.
João Nascimento
Não conseguir diagnosticar originalidade numa campanha com matizes precursores é, no mínimo, rocambolesco. Ainda para mais quando o João Nascimento assume que foi simpatizante da causa. Com mais tempo, tentarei abordar com minúcia os dois comentários aqui vertidos. De qualquer modo, posso garantir que o livro não representa a eternização do passado, mas sim a exposição de um passado transformado em candeia do futuro.
Um abraço insular.
De
LNT a 13 de Maio de 2007
O que eu acho, meu caro, é que a democracia tem pouco tempo para lutos e que a memória em política é tão curta que se não for registada será fantasiada.
Quem esteve por dentro, melhor, alguns dos que estiveram por dentro, entenderam fazer esse registo.
Poderá ser cedo? Talvez.
Mas é preferível que fique feito por quem esteve envolvido do que por alguém que um dia destes, com base nas habituais informações de fontes anónimas, o venha a fazer.
Se outros entenderem registar igualmente certamente não lhes faltará arte para o fazer.
Abraço
Luís Novaes Tito
(publico igualmente este comentário no On the Road Again)
lá no meu tasco fartei-me de escrever acerca disto e acho que até me embaralho mas o essencial andará por lá.
olho para as 'lombadas' e vejo memórias, dia x passa mais um ano. eu nasci a 9 de Abril, dia da batalha de La Lys. quando cheguei a Pt olhava com interesse as notícias na tv no 'meu dia', a que nunca faltava que era a dos 'sobreviventes' da batalha, uma turma medalhada e com bandeira a tiracolo que foi diminuindo até que o programa acabou, há anos que a tv não faz uma festa no meu dia. foi este sentimento (com o prudente 'mais ou menos', claro) que senti ao ler que um acontecimento que me fora marcante passava a facto histórico encadernado, outra lombada na estante das memórias e, tivesse igual tragédia associada, personagens iam-se diluindo no tempo pelo perecimento da memória, incluindo a sub judice, a dos sonhos. é mais ou menos isto, mero sentimento pessoal de que a velocidade do tempo não pára de me surpreender, e em resmungo lamentado num "já?" estritamente - repito - por razão pessoal.
abraço do Gil, outro especial ao João que muito também sente ao 'ler' este livro, recordar.
Obrigado a todos pela vossa excelente conversa.
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