
Por cá, vamo-nos arranjando. Ou seja, andamos por aí à cata dos responsáveis (a RTP? o mau ensino? a desmemória? o falhanço das expectativas democráticas? a culpa dos historiadores? a culpa dos “revisionistas” que deram etiqueta branca de “autoritário” ao chefe do fascismo português? a culpa de todos?). Enfim, cá nos entenderemos. Mas ler-nos assim lá fora, custa. Se custa. Sobretudo quando a melhor resposta é ficar-se calado e desviar a conversa por uma vergonha reposta em sermos portugueses, sendo outra vez "pequenos portugueses".
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Nota: Sirva de consolação precária que, em ignorância histórica, qualquer dos votantes em Salazar está ao nível do correspondente da EFE em Lisboa que guiou a notícia de El País acima linkada. Diz o incompetente jornalista espanhol: “Salazar fue el continuador del régimen militar que en 1926 encabezó el mariscal Antonio Carmona, que depuso a Sidonio Pais”. E numa penada, comete duas calinadas grossas: troca Gomes da Costa por Carmona, ressuscita Sidónio Pais já falecido (assassinado) há vários anos (não atendendo sequer que os insurrectos do 28 de Maio de 1926, eram seus continuadores e não opositores). Por esta amostra jornalística, em Espanha sofre-se do mesmo mal lusitano: ignorância com dolo acerca de História.
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Imagem: Salazar em amena cavaqueira com o seu amigo, pupilo e aliado Franco, irmão de ditadura em Espanha.
De
Daniel a 29 de Março de 2007
Te pido disculpas por mi inculto compatriota. Gracias a Felipe González tuvimos que sufrir una ley de educación pésima (la LOGSE) y ahora recogemos los frutos.
En cualquier caso, no hay que avergonzarse. La vergüenza es nuestra por ignorar siempre todo cuanto concierne a Portugal, culpa de nuestro infundado sentimiento de superioridad frente a los vecinos.
Que quede claro que yo no soy uno de esos españoles. Yo admiro a Portugal, su cultura y su geografía y siempre fui muy bien tratado allí.
Una sugerencia y un guiño: No leas solo El Pais.
Saludos.
Estimado Daniel, "vergonha" foi uma figura de estilo. Aqui utilizada pela minha natureza de "hispanista" (que, diga-se com toda a sinceridade, é mais amor por Espanha que pelos espanhóis). Falei de Espanha, mas o meu fascínio pelo vosso país é por não existir uma Espanha mas "mil espanhas", portanto uma permanente descoberta. No Sul e em Madrid, acho que há uma brusquidão mal educada no trato público, género velho "guardia civil" de tricórnio metálico enfiado na cabeça de cada espanhol que atende outro, incluindo os clientes. Desculpo-os pelo património que torna a descoberta inesgotável e "los toros" (!!!). Em todo o norte e o Levante, o caso muda radicalmente de figura, para muito melhor (não conheço as ilhas - as Baleares nem as Canárias): diminui o património, sobe a cordialidade civilizacional na interacção com os "outros". E não esqueço que estive, o ano passado, semana e meia retido em Cuenca (entre Toledo e Valencia) por doença grave da minha mulher que levou ao seu internamento hospitalar e só posso lembrar-me, comovido, da forma como ela foi primorosamente tratada e o afável trato e generosidade que encontrei em todo o lado naquele momento complicado (e esta é a situação "turística" em que melhor se conhece um povo e um país, mais autêntica que quando olhamos para os monumentos e compramos recuerdos).
Não te fique a ideia que só consumo "El País" (de facto, o jornal que mais aprecio). Leio todos os dias "El Mundo". E quando estou em Esapanha leio também o "ABC" e o catalão "La Vanguardia". Porque não?
Muito obrigado pelas tuas palavras de tolerância, estima e amizade. E permite-me dizer-te, com toda a amizade: "tu és um radical, sê-lo mas permite-me que eu seja também (noutra banda"). É que eu acredito que a melhor amizade frutuosa se estabelece entre dois radicais opostos que se respeitam. Este é, acredito eu, o sangue da democracia.
Grande abraço. Desejo-te o melhor.
De Afonso a 31 de Outubro de 2008
Vergonha?? Nós?? De quê? Desde quando é que Salazar era amigo de Franco?
Salazar considerava o Franco um burro de farda e Franco achava Salazar bastante brando...
Franco até sofreu pressões dos nazis, para invadir Portugal e retirar Salazar do poder...
Se Salazar fosse verdadeiramente fascista e autoritário, homens como Álvaro Cunhal e Mário Soares já estavam mortos e enterrados, como uma bala na cabeça, há mais de 50 anos...
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