Se na Bélgica mesmo, os flamengos não se entendem com os valões, ou seja a maior constância da Bélgica é os belgas não se entenderem entre si, restando ainda os bruxelenses que são uma terceira casta, como é que fora da Bélgica, em Portugal por exemplo, podemos entender os belgas? Mas há excepções. Entre nós, um guarda-redes despertou quem sabe da Bélgica e sobre os belgas. Leiam-se então dois mestres em Benelux:
Aqui:
Não aprecio particularmente os belgas. São parolos e - suprema inglória - passam a vida a serem gozados pelos franceses. Que se lavam pouco. Ambos.
Isto das conversas é como as cerejas: vem um nevão, feliz Natal, traz-me mas é os bolinhos de abóbora.
O guarda-redes da selecção belga veio aí dizer umas coisas sobre hospitalizar Cristiano logo aos dois minutos de jogo, à patada, umas baboseiras de belga flamengo com fenótipo de metafêmea. Os valões não são muito melhores que os flamengos, aliás: é tudo parolada, ali.
Ali, é quase tudo Van - ou Mbo: que querem? É!
Ali:
Peço desculpa por contrariar o tom geral de indignação patriótica, mas esse guarda-redes belga merece o meu aplauso particular: é um herói num país ligeiramente aborrecido (eu gosto muito de Antuérpia). Digamos que ele se distingue bravamente – pediu que dessem duro no Cristiano Ronaldo. E, para corrigir, lamento que ele não tenha dito: “Não, eu não pedi para castigarem unicamente o Ronaldo. Eu pedi para aniquilarem todos!” Isso é que era. Eu levantar-me-ia, aplaudindo. Num mundo em que todos fingem e lutam para serem mais palermas e sonsos do que o vizinho, esse guarda-redes de que esqueci o nome merece aplauso, palmadas nas costas – e que lhe paguemos uma cerveja. Bravo, rapaz! Tu contrarias essa imagem papalva dos belgas! Tu estás à nossa medida. Futebol e estalada, uma bela dupla. E tudo se acabava, indo a rapaziada jogar à bola – esmagando os belgas, leal e convenientemente.
Entenderam? Não digo sobre a Bélgica e os belgas, refiro-me aos guarda-redes. Porque, lembre-se, não foi a Bélgica nem os belgas que falaram em sarrafada no Ronaldo. Foi um guarda-redes e belga. O que é curto mas suficiente para se despejar umas boas litradas de xenofobia, daquela em que um guarda-redes belga se transforma em Bélgica.
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