
Encontrei um blogue intitulado “Companhia dos Filósofos” subscrito por “uma comunidade de jesuítas em formação na fase dos estudos em filosofia”. E achei interessante tentar entender o “húmus blogante” destes catraios net-porfiados que só posso imaginar com ideias frescas e sotainas bem engomadas. Claro que não esperava que os jovens filósofos jesuítas se devotassem a incentivar uma votação massiva no Marquês de Pombal como “grande português” mas estava longe de imaginar que hasteassem a bandeira da sinistra “Mocidade Portuguesa” (a milícia fascista de Salazar) e cronicassem com este patrioteirismo serôdio de Lusitos vindos das catacumbas do fascismo clerical:
Não, isto não é uma crónica futebolística lembrando a vitória de ontem de Portugal sobre o Brasil. Um ‘viva’ é uma saudação que implica alegria e entusiasmo. Ora a alegria, por sua vez, implica festa ou celebração.
Hoje há uma celebração importante para Portugal, importante porque nos define como povo, importante porque está reflectida no próprio brasão que Portugal ostenta. Hoje celebra-se a devoção às Cinco Chagas de Jesus. Pode parecer um pouco masoquista lembrar algo que à partida é doloroso. De facto, nós preferimos esquecer-nos das feridas que tantas vezes nos doem e andamos por aí, anestesiados nos nossos afazeres.
Recordar as Chagas de Jesus Cristo é bem mais do que um sentimento desfocado da nossa realidade, é lembrar Portugal, significa trazer à memória D. Afonso Henriques, nosso primeiro Rei, que quis formar um Reino baseado na fé em Jesus. O laço que une os primeiros portugueses está fundado nesta base e por isso, no centro da nossa bandeira, estão as cinco quinas, lembrando as cinco Chagas de Jesus. Por isso o nosso primeiro Rei assinava com a Cruz.
Vale a pena lembrar para algumas memórias mais esquecidas, porque foi isso que fez nascer Portugal, é esse o motivo de sermos portugueses. As coisas não nascem sem uma causa primeira. A fé é uma das razões da nossa identidade. Se queremos ser coerentes no rumo que agora seguimos, temos que lembrar as cinco quinas, ir à sua origem e a partir daí caminhar para o futuro.
Lendo-os, só posso reforçar a convicção que, pelo menos quanto a estes “jesuítas lusitos”, e antes que eles cheguem a “comandantes de falange” ou sequer a “comandantes de castelo”, o melhor é ir dar uma volta ver as obras no Túnel da Rotunda e piscar um olho cúmplice ao sujeito da estátua postado lá no alto.
De C.Almeida a 3 de Março de 2007
Ao ler este post fiquei admirado e/ou surpreso, não sabendo qual dos termos mais apropriados para a situação relatada.
Não nego que o emblema em anexo se encontrou ligado à Mocidade Portuguesa, como seu estandarte. Agora, fico admirado é que o autor, o qual considero uma pessoa culta, possa de animo leve atribuir a exclusividade deste estandarte à organização em referência. Poderia sim , se o seu interesse não fosse politico partidário, referir que o uso daquele estandarte foi em tempos escamoteado para estandarte daquela organização. É que além de ser a bandeira das quinas é ainda hoje designado como BANDEIRA HERÁLDICA DE PORTUGAL e utilizada pela Marinha de Guerra Portuguesa como sua.
Aliás, o seu núcleo é utilizado, julgo que desde o século XII ou XIII nos estandartes e bandeiras de vários reis de Portugal, sendo posteriormente incorporado como símbolo na própria Bandeira Nacional ainda hoje usada en todo o País.
Enganou-se no número da porta quando alude a interesse "político partidário". Há vários anos que o meu partido é do Marx (mas o Goucho). Quanto ao resto, a descrição amorosa feita à bandeira pelos jesuítas bloggers é a mesma que a levou a ser adoptada pela MP. E, nesse sentido, é uma "declaração tipicamente de lusito". Claro que ela, a bandeira, tem antecedentes e se mantêm sinais seus na actual bandeira. E por essa mesma razão, entendo que o Estado laico já a devia ter mudado, segregando os símbolos de identificação da Nação com lendas religiosas, bem como a esfera imperial (a república adoptou-a porque manteve e deu importância às possessões coloniais). Como o Hino, sem nenhum sentido nesta época pós-imperial e para mais com um sentido profundamente bélico.
De C.Almeida a 4 de Março de 2007
Não tive qualquer intenção de o acusar de intenções político-partidárias no post que elaborou, mas que deu a entender isso deu. Se há quem leia as coisas de animo leve e deixe passar em branco ou sem comentar o que vê ou lê, infelizmente e por vezes com prejuizo peesoal, não sou uma dessas pessoas.
Continuo a dizer que o considero uma pessoa culta pelo que leio em alguns dos seus post, que na maioria dos casos não me merecem quaisquer comentários. Também não não sou daqueles que por interesse fortuito ou outro qualquer, defende que não se deve alterar os simbolos nacionais. Hoje em dia confinados a este rectangulo à beira-mar plantado não vejo porque não adoptar um novo hino ou uma nova bandeira, desde que não se passe uma esponja pelo passado e que a exemplo de muitos outros por esse mundo se apague da fotografia, os que não nos interessem. Contudo indico dois sites que poderão ter algum interesse para um cabal esclarecimento sobre as origens da Bandeira Nacional actual e que nada tem a ver com aquilo que muitas vezes se pensa. www.Tuvalkin.web.pt/terravista/guincho/1421/bandeira/pt_htm#1830 .
www.mdn.gov.pt/Defesa/Simbolo/Band_evoluc.htm.
Os meus agradecimentos
Obrigado pelo seu depoimento e pelo site.
Tropecei acidentalmente neste post e não posso deixar de mandar, também eu, uma laracha.
Quero-lhe dizer, publicamente, que o apoio plenamente: aproveite para ir piscar o olho ao marquês e dê-lhe um abraço cá de casa!!
Como, infelizmente, não acredito que trocar mensagens por aqui possa ajudar à conversa, faço-lhe um convite: da próxima vez que vier a Braga, venha almoçar connosco cá a casa.
Provavelmente, vai reparar que a sua imagem das batinas bem engomadas, dos jovens net-porfiados, do fascismo clerical e desse (ri-me até doer a barriga, só de pensar em quanto é preciso distorcer o post original para chegar à interpretação que faz dele...) suposto fascismo (ahahah!!!!) é ridiculamente errado! Teremos muito gosto em recebê-lo...
Ah... não se sinta intimidado: prometo que não o expulsamos!
Cumprimentos,
Francisco Sassetti da Mota
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