Este cartaz-folheto (copiado daqui) fazia parte do material de propaganda de contra-guerrilha na guerra colonial na Guiné e era um incentivo à deserção dos guerrilheiros do PAIGC através da idealização da reintegração sob o poder colonial.
Os elementos pictóricos são simplificados e impressivos. A disposição figurativa dominante é a do reencontro efusivo e afectuoso entre os africanos que continuavam sob dominação portuguesa e aqueles que regressam abandonando as armas da luta de libertação. A bandeira portuguesa, símbolo de soberania perene, é elemento vivo e colorido. No centro, destaca-se, pelo chapéu, o régulo africano como sinal da continuação da autoridade tradicional africana. Os elementos do exército colonial (desarmados e em pose de satisfação convivial) estão postados discretamente como espectadores e incluem um militar negro. A legenda é discreta, sublimando as vantagens da deserção, para os desertores e para os seus familiares e amigos, não contendo qualquer elemento reprovador forte aos guerrilheiros, apenas indicando que estavam “enganados”.
O quadro idílico traçado na ilustração servia de contraponto, sem necessidade de representação dicotómica, à realidade guerrilheira e consequentes riscos – o combate armado, a exclusão da família, do meio familiar e dos complementos afectivos, as carências da vida guerrilheira, a brutalidade da acção militar colonial, incluindo a acção dos agentes da PIDE.
Se a propaganda não resultou não foi por demérito da propaganda. Havia muito no real que resistia à melhor propaganda.
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