Não deixei de ver a lição televisiva de Jaime Nogueira Pinto desta semana em propaganda a Salazar e para lhe angariar votos. Foi o que se pode chamar de notável “limpeza académica” do ditador, tentando torná-lo apresentável para quem não o sofreu. Os estereótipos da defesa de Salazar estavam lá todos: o ascetismo, a simplicidade e a honradez do sujeito, a sua inteligência e carreira académica, a pressão providencialista que o levou ao colo até o poder absoluto, o nacionalismo indomável e grandioso, a habilidade táctica para os jogos geoestratégicos contornando perigos, a profundidade coerente do anticomunismo e da aversão à democracia, o génio do saneamento financeiro. Quanto ao resto, ao pior, à essência de Salazar, apenas a condescendência da admissão do “autoritarismo”. Um “autoritarismo” envernizado como nada tivesse a ver com fascismos, antes pelo contrário. Brilhante. Detestável. Assim a modos que digna do ditador que inspirou a lição.
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