Sim, Lutz, concordo. É preciso perdoar, sabendo-o ou aprendendo-o. Entrando numa nova ordem de ordenamento dos processos abortivos, conciliando o resultado do referendo com os vários sinais saídos da sociedade, tentando incluir até o máximo os que se quiseram excluir pelo apego ao anátema. E reduzir-se agora a criatividade legislativa dos deputados portugueses ao exercício de síntese das obtidas antes nos parlamentos irmãos, como se fosse destino nosso passarmos a vida a imitar os esclarecidos alemães, suiços, ingleses e franceses.
Mas repare quão grande elasticidade se exige a este “perdão” para que a decisão tomada de deixar a decisão de abortar à “opção da mulher” se estique até ao filtro prévio do “aconselhamento”. Quando, precisamente, esta parte da pergunta referendada, a do livre arbítrio da decisão feminina autónoma, e que foi referendada, foi cavalo bem montado pela propaganda penalista dos eclesiásticos artilheiros e paisanos.
Mas que seja. Se for só esse o preço a pagar pelas mulheres portuguesas, que se perdoe e reincorpore na configuração da frágil neo-modernidade adquirida: a recomposição da Igreja na sua unidade e predomínio; os excessos pagãos de Tarcísio, Laurinda, Aguiar, Mendes, Marcelo, Malta, Zita, Menezes e César das Neves; os ónus das dissidências empenhadas das deputadas católico-socialistas; a resistência mais esbaforida que útil de Ribeiro e Castro; o mau talento como treinador do que seja de Fernando Santos; a herança de Guterres; até o cinismo opus do frígido Gentil. Porque é preciso recuperar esta gente para a sociedade pós-referendo. Digo eu, falando inapropriadamente em seu nome (o das mulheres) e do sentido de voto expresso
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