Entende-se a indignação do venerando Vasco Lourenço sobre a anunciada falha comemorativista do 25 de Abril neste ano e na Assembleia da República. E este entendimento tem a ver com a compreensão necessária acerca da importância do simbólico. E da sua ritualização, é claro. Que, para os militares do MFA ainda vivos, são aspectos que, naturalmente, ocupam grossa dimensão na sua prática de gratificação pela memória. E, no entanto, bem vistas as coisas, o fim das solenidades parlamentares sobre o golpe militar de derrube da ditadura não será muito mais que a abolição de um acto revivalista, esforçado mas forçado. E que, para mais, seria inevitavelmente pontuado por mais um discurso à nação de sua excelência cavaquista, sem cravo na lapela nem cheiro dele no nariz e muito menos na consciência. Mas o que talvez devesse incomodar mais Vasco Lourenço é que já quase não há partido ou sindicato, colectividade, associação, manifestação, concentração ou ajuntamento espontâneo, blogue ou página do facebook, que clame (sequer) pela "defesa das conquistas de Abril", a maioria das quais foram murchando e sem darem lugar a mais e melhor, como a boa dialéctica assim o exigia. Devido à força do sentido das realidades e porque o "comemorar Abril" foi sendo cada vez mais uma romagem de saudades do que projecto renovado para alargar as liberdades. O que representa, politicamente falando e quanto à revisitação do 25 de Abril, que já se foram muitos dos dedos e quase todos os anéis. Vire-se de página, então. Porque a nostalgia de olhar para trás também cansa.
Sócrates consegue até o impensável. Que também é este cavalheiro ser ainda mais insuportável quando a caminho da oposição do que, antes, em governação contente e insensível. A forma como hoje convocou a comunicação social para celebrar más notícias na economia e nas finanças públicas, espetando dedos à responsabilidade das oposições, é prova disso. O salto de optimista de propaganda infantilizada para a pele do pessimista exaltado com bode expiatório pela trela, foi o passo agora dado por Sócrates, o da descida à náusea, a nossa.
… segundo Ângelo Alves, gestor do internacionalismo do PCP:
Kadhafi está enganado quando diz que o seu povo o ama, e uma das razões reside no facto de ao abraçar a «guerra contra o terrorismo» ter voltado as costas ao seu próprio povo.
OS MEUS BLOGS ANTERIORES:
Bota Acima (no blogger.br) (Setembro 2003 / Fevereiro 2004) - já web-apagado pelo servidor.
Bota Acima (Fevereiro 2004 a Novembro 2004)
Água Lisa 1 (Setembro 2004 a Fevereiro 2005)
Água Lisa 2 (Fevereiro 2005 a Junho 2005)
Água Lisa 3 (Junho 2005 a Dezembro 2005)
Água Lisa 4 (Outubro 2005 a Dezembro 2005)
Água Lisa 5 (Dezembro 2005 a Março 2006)