Não faz sentido que quem se vem manifestar contra a NATO (para uma das várias manifestações que não estão proibidas) não possa transportar propaganda contra a NATO, sendo-lhe esta apreendida como ilegítima. Aliás, as autoridades não esclareceram em que é que a propaganda vinda do estrangeiro tem de diferente relativamente à propaganda produzida no nosso país com a mesma intenção e que é muita, variada e toda radical. Portanto, fica bem a qualquer liberal bem formado protestar contra esta penalização inadmissível de propaganda por esta ser produzida no estrangeiro.
Isto, a par do exercício ao direito à gargalhada ao ver-se uma miríade de organizações e micro-organizações todas filhotas do mesmo partido (o PCP), o que era o campeão madrugador do apoio às intervenções e invasões do Exército Vermelho e das forças do Pacto de Varsóvia em países formalmente soberanos, património político que nunca renegou, a desmultiplicarem-se, nestes dias, em marchas anti-NATO, sem se sentirem assombrados por qualquer alma penada vinda dos esmagados pelos tanques invasores em Budapeste, em Praga ou em Cabul.
Protestar contra um abuso de poder e também se rir do desaforo cínico dos dúplices não estará ao alcance de todos e talvez só os liberais até lá se cheguem.
(publicado também aqui)
A “Federación Estatal de Foros por la Memoria” lembra o muito esquecido: “De todos los grandes monumentos construidos como símbolos por los regímenes fascistas del siglo XX, solamente el Valle de los Caídos sobrevive.” E recorda o significado da concretização do mórbido projecto de Franco de construir, perto de Madrid e de uma forma vil, um monumental jazigo para si e que o eternizasse como amedrontador do povo espanhol, assegurando ainda a companhia de milhares de restos mortais de caídos durante a sangrenta guerra civil 36-39: “El Valle de los Caídos, un recordatorio gigantesco del fascismo en su variante nacional-católica española, no es cuestionado en lo esencial. El diseño inicial sobrevive: no se ha pensado en desmantelar sus estructuras; se respetan los sepulcros de los líderes; los frescos que glorifican la masacre que llevó a cabo un asesino perjuro, mediante la cual secuestró la soberanía del pueblo español durante cuarenta años. La orden sacerdotal consagrada al respeto de su memoria sigue allí, como siguen los miles y miles de cuerpos de los muertos en batallas y paredones que llenan las criptas del valle.”
A mesma “Federación Estatal de Foros por la Memoria”, faz várias propostas para uma solução da ofensa que constitui a permanência do Vale dos Caídos, incluindo sobre o destino a ser dado à gigantesca cruz que encima o monumento fascista: “La gran cruz debe ser desmantelada, de ninguna forma puede consentirse que se siga alzando hacia el cielo ese símbolo de muerte y venganza. Propugnamos una voladura (controlada) como culminación de un gran acto público nacional de desagravio a las víctimas del franquismo.” O comunicado deste organismo sobre o Vale dos Caídos, na sua versão integral, pode ser consultado aqui.
(publicado também aqui)
O conselho de Manuel António Pina, no JN, é que se ensine aos filhos deste país a história de sucesso do jovem-modelo Pedro:
É uma história de proveito e exemplo e todos os pais a deveriam ler à noite aos filhos para que eles possam aprender que, ao contrário do que professores antiquados ainda ensinam na escola, não é com estudo e trabalho, ou com mérito, que se vai longe na vida.
Para já, o resumo dado por MAP é muitíssimo promissor. Siga o link e maravilhe-se.
(publicado também aqui)
Em situações de entrada em cul-de-sac, como acontece agora em Portugal, enquanto na esquerda se desata a acender velinhas no altar das utopias, apressando-lhes o up-grading com retorno garantido ao Palácio de Inverno, na direita prefere-se falar grosso e ser mais pragmática a indicar os atalhos das soluções autoritárias. Desde que a situação política portuguesa entrou na fase de pantomina sobre o gelo, onde não há alma, governante ou governada, capaz de saber como estaremos daqui por um mês, as tripas políticas e ideológicas vão espreitando pelas gargantas, havendo quem disparate acordado, mostrando as unhas da pulsão autoritária. Como Manuel Serrão, no JN:
Entre o regime presidencialista e o regime de bipartidarismo parlamentar, não me parece que exista terceira via. Daí que eu julgue que só nos resta escolher entre um regime que pusesse Cavaco de novo como homem do leme do Governo, ou um regime em que o partido que ganhasse as eleições tivesse a garantia de formar um Governo estável para toda a legislatura.
(publicado também aqui)
Actualmente, o pessimismo é comum a todos os estratos da população. A única excepção (25,9%) regista-se entre os indivíduos que tencionam votar no PS nas legislativas.
(publicado também aqui)
VGM e a “ordem”, pelo DN:
Por isso se justifica exprimir uma preocupação muito séria quanto à cimeira da NATO em Lisboa. O que é que vai passar-se entre nós no dia 19? Estará a nossa polícia em condições de intervir eficazmente? Poderá impedir graves desacatos, agressões, destruições e prejuízos na zona da Expo 98 ou noutros pontos da cidade? Ou tem instruções superiores para contemporizar com o circo da piolheira em nome dos nossos brandos costumes? Esta pergunta também se justifica: se as coisas ficarem mal paradas, as nossas autoridades serão capazes de agir ou atrever-se-ão a reeditar as figuras deprimentes que fizeram ainda há poucos anos no caso do milho transgénico?
(publicado também aqui)
Com certeza que há palavras a mais na política portuguesa. “Cavaco” será a mais utilizada entre as mais inúteis.
(publicado também aqui)
Hoje, tropecei numa que gostei e tomei nota, sublinhando-a:
“(…) a questão “reforma ou revolução” adquiriu com o tempo fatais ressonâncias teológicas e míticas, que confundem mais o problema do que podem ajudar a abrir caminho. Tenho visto muitas definições da revolução que “nem para atacadores”, e a redefinição das formas institucionais e do exercício do poder que podemos incluir na ideia de “reforma” pode implicar o tipo de ruptura – depende das reformas propostas – que associamos ao “nome de revolução”. Digamos que não é por aí – pela oposição dicotómica – que o gato vai às filhoses ou, melhor, tiraremos nós as castanhas do lume.”
Ou seja, há mais vontade de tocar corneta que de estudo e prática do solfejo. E aqui nascem, normalmente, as dicotomias. Sobretudo, as semânticas. E delas está a política discutida bem cheia. Mas é o que temos e portanto siga a banda.
(publicado também aqui)
Fonte: "El País".
Muito interessante a “conversa com os leitores (do Publico.es)” do conhecido hispanista Ian Gibson. Aqui, encontram-se as perguntas colocadas pelos leitores e as respostas de Gibson.
(publicado também aqui)
Para esses mesmos, os “gentis amigos que conservais as mãos tão puras” e que descem as baínhas já curtas das calças do estalinismo serôdio. Como essa deputada Rita que tirou uma licenciatura em ciências políticas e ainda hoje deve pensar que Kolima era a marca de pasta de dentes vendida nos armazens do povo da ú-érre-ésse-ésse. E para mais um punhado de outros tantos, aqueles que morrerão tão comunistas que jamais lerão um livro que fale de Kolima, lá por coisas, numa espécie de pressentimento.
Manuel António Pina no JN:
Há um cheiro a carniça no ar, e todo o tipo de passarada necrófaga paira (alguns, como Amado, já mergulham em voo picado) sobre os despojos. Só o povo não é, pelos vistos, para aí chamado.
(publicado também aqui)
O deputado-blogger Osvaldo Castro:
Depois do Orçamento viabilizado outro dia nascerá e com ele as responsabilidades pela sua efectiva execução. É nisso que o governo e o PS devem estar concentrados.
(publicado também aqui)
Jorge Semprún, escritor espanhol, em entrevista no “El Mundo”:
-¿Sigue pensando que es posible trasformar de forma revolucionaria el mundo?
-No quiero ser aguafiestas, pero creo que no: hay que reformar el mundo, es imprescindible hacerlo, pero la revolución es imposible, quizá porque no hay líderes capaces de aunar voluntades o porque la experiencia del siglo pasado, con los horrores del estalinismo, pesa demasiado. Sólo subsiste la ilusión de que la clase obrera pueda transformar el mundo, sin capitular ante el capitalismo, pero a través de reformas contínuas, no de revoluciones.
-Sin embargo, los últimos meses ha visto arder París...
-Sí, pero aunque me llama la atención el empuje y la fuerza de los movimientos de descontento contra los recortes de pensiones, que en el fondo lo que reflejan es el profundo malestar por la evolución de la sociedad francesa, lo que quizás me sorprenda más no sea la virulencia de la lucha sino su falta de perspectivas concretas, es decir, que un día se paraliza el país y al día siguiente todo sigue igual. Como si manifestantes y sindicatos interpretaran su papel en una obra ya escrita, pero dieran por perdida la posibilidad de modificar la realidad.
-¿Qué queda del pensamiento de izquierdas, tras el derrumbe de la utopía comunista?
-Queda lo esencial. Una sociedad totalmente injusta, polarizada en núcleos de poder de dinero loco, y millones de personas que subsisten bajo el umbral de la pobreza, también en los países ricos, demuestra que la necesidad de transformar la sociedad sigue viva. El fracaso del leninismo no hace del sistema capitalista una sociedad justa, sino que hay que mantener viva la ilusión por reformar la sociedad. La política económica de izquierdas ha infravalorado al mercado, pero si se abandona éste a su libre albedrio los resultados son siempre nefastos.
(publicado também aqui)
OS MEUS BLOGS ANTERIORES:
Bota Acima (no blogger.br) (Setembro 2003 / Fevereiro 2004) - já web-apagado pelo servidor.
Bota Acima (Fevereiro 2004 a Novembro 2004)
Água Lisa 1 (Setembro 2004 a Fevereiro 2005)
Água Lisa 2 (Fevereiro 2005 a Junho 2005)
Água Lisa 3 (Junho 2005 a Dezembro 2005)
Água Lisa 4 (Outubro 2005 a Dezembro 2005)
Água Lisa 5 (Dezembro 2005 a Março 2006)