Na manifestação realizada hoje em Roma contra a pedofilia que emporcalha a Igreja Católica, as mensagens foram claras e certeiras: “Tirem as mãos de cima das crianças”, “Uma Igreja sem abusos” e “O Papa protege os pedófilos”. Ler notícia aqui.
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Provavelmente, nunca os faria. Mas se a biologia o protegesse com muitas doses de cumplicidade, Miguel Hernández teria feito ontem 100 anos de idade. Não seria nada de especial para um poeta tão grande, daqueles que, sem favor, merecem a imortalidade. No entanto, o franquismo, essa moléstia que gostava mais de morte que de cultura, não só não permitiu que Miguel Hernández tivesse obra e vida longas, como se encarregou de o encarcerar e levá-lo ao encontro da morte aos 32 anos de idade. Miguel Hernández viveu, espalhou poesia, combateu e morreu como um valente. Tanto que conhecia bem os cobardes. Como demonstrou e assim:
LOS COBARDES
Hombres veo que de hombres
sólo tienen, sólo gastan
el parecer y el cigarro,
el pantalón y la barba.
En el corazón son liebres,
gallinas en las entrañas,
galgos de rápido vientre,
que en épocas de paz ladran
y en épocas de cañones
desaparecen del mapa.
Estos hombres, estas liebres,
comisarios de la alarma,
cuando escuchan a cien leguas
el estruendo de las balas,
con singular heroísmo
a la carrera se lanzan,
se les alborota el ano,
el pelo se les espanta.
Valientemente se esconden,
gallardamente se escapan
del campo de los peligros
estas fugitivas cacas,
que me duelen hace tiempo
en los cojones del alma.
¿Dónde iréis que no vayáis
a la muerte, liebres pálidas,
podencos de poca fe
y de demasiadas patas?
¿No os averguenza mirar
en tanto lugar de España
a tanta mujer serena
bajo tantas amenazas?
Un tiro por cada diente
vuestra existencia reclama,
cobardes de piel cobarde
y de corazón de caña.
Tembláis como poseídos
de todo un siglo de escarcha
y vais del sol a la sombra
llenos de desconfianza.
Halláis los sótanos poco
defendidos por las casas.
Vuestro miedo exige al mundo
batallones de murallas,
barreras de plomo a orillas
de precipicios y zanjas
para vuestra pobre vida,
mezquina de sangre y ansias.
No os basta estar defendidos
por lluvias de sangre hidalga,
que no cesa de caer,
generosamente cálida,
un día tras otro día
a la gleba castellana.
No sentís el llamamiento
de las vidas derramadas.
Para salvar vuestra piel
las madrigueras no os bastan,
no os bastan los agujeros,
ni los retretes, ni nada.
Huis y huis, dando al pueblo,
mientras bebéis la distancia,
motivos para mataros
por las corridas espaldas.
Solos se quedan los hombres
al calor de las batallas,
y vosotros, lejos de ellas,
queréis ocultar la infamia,
pero el color de cobardes
no se os irá de la cara.
Ocupad los tristes puestos
de la triste telaraña.
Sustituid a la escoba,
y barred con vuestras nalgas
la mierda que vais dejando
donde colocáis la planta.
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Nunca me atraiu ir a Roma para ver o Papa. Mas, hoje, gostaria de marchar, em solidariedade, até à Praça de São Pedro.
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Afinal, Cavaco convocou o Conselho de Estado para este pressionar a concretização de um embuste, o de um “acordo orçamental” com 500 milhões que ficam de fora, a pagar (pelos contribuintes) “à parte”, não se sabendo como nem quando. Olha se em Belém não morasse um notável professor de finanças.
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Enviada pela CGTP-IN às CC.OO:
“Estimados companheiros,
Foi com profunda emoção que tomámos conhecimento do falecimento do companheiro Marcelino Camacho.
Neste momento de tristeza, recordamos o seu papel inesquecível na luta contra a ditadura franquista, o seu contributo determinante para a constituição das CC.OO. e a sua sábia liderança da vossa confederação, o seu elevado nível intelectual que pôs ao serviço dos trabalhadores e do povo espanhol.
Mas não foram só os trabalhadores espanhóis que perderam um líder esclarecido. Todo o sindicalismo internacional está de luto.
Pedimos-vos que transmitam à família de Marcelino Camacho os nossos mais profundos sentimentos de pesar.
Recebam, uma vez mais, as nossas sinceras condolências.”
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Manuel António Pina volta, e bem, à carga sobre a esquadra-stripper da PSP:
A PSP considera naturalíssimo e "decorre[nte] das medidas cautelares de polícia" que duas das jovens detidas (menores, tudo o indica) tenham sido obrigadas a despir-se completamente na esquadra. Porque tudo terá tido, pelos vistos, a maior pureza de propósitos: fazer-lhes uma "revista sumária" (imagine-se o que será uma "revista completa") à procura de "armas, de fogo ou brancas" ou "produtos cujo transporte pode ser considerado crime, nomeadamente drogas".
Dir-se-ia, pois, que é rotina da PSP, de modo a pôr a nu todas as suspeitas possíveis sobre comuns cidadãos "conduzidos à esquadra", pedir-lhes o BI e mandá-los logo pôr-se em pelota. Talvez seja, mas, a crer no que se passou, será só com jovens raparigas, já que, no caso, os agentes se dispensaram de qualquer actividade por assim dizer investigatória no corpo do rapaz. Aparentemente, nem as mochilas do grupo terão sido revistadas. Só os corpos das jovens.
Há-de ter havido um bom motivo para isso. Talvez até mais do que um.
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Diogo Feio, CDS/PP, no JN:
Foi com entusiasmo que assisti à apresentação da candidatura presidencial de Cavaco Silva. (…) Numa altura em que a desilusão dos portugueses vai aumentando, é muito conveniente ter em Belém alguém que não surpreende.
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- A UGT entregou, juntamente com a CGTP, um pré-aviso de greve geral para protestar contra as medidas previstas no Orçamento e as suas consequências laborais.
- O secretário-geral da UGT defende a aprovação do Orçamento (já depois de assinar o pré-aviso de greve contra ele).
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Ricardo Araújo Pereira, hoje na “Visão”:
Ainda sou do tempo em que os orçamentos tinham por objectivo facilitar a vida dos cidadãos. Agora, trata-se de facilitar a vida a essa entidade misteriosa que se chama «os mercados». Antigamente, os eleitores votavam nos seus representantes e estes, em retribuição, definiam um orçamento que servisse as aspirações dos eleitores. Agora, há que agradar aos mercados, o que torna o trabalho dos deputados mais complexo, até porque os mercados são mais exigentes que os eleitores. E mais poderosos. Os mercados são uma espécie de bicho feroz cujo aspecto ninguém conhece ao certo. A única coisa que sabemos acerca dos mercados é que levam a mal se os portugueses não passarem a pagar mais pelo leite.
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Cavaco Silva entendeu exercer o seu mandato no mais estrito respeito das normas constitucionais. No estado de esfarrapamento e depauperação em que Portugal se encontra, eu teria preferido mais voluntarismo da sua parte, isto é, que ele varresse a testada pondo essa gente no meio da rua sem demora. Mas reconheço que, constitucionalmente, não seria fácil despachar assim, sem mais nem para quê, um governo saído de eleições e com uma maioria a seu favor.
Por outro lado, nas últimas semanas, o seu magistério de influência e a sua capacidade de intervenção vêm-se mostrando decisivos para se chegar a uma solução de viabilização orçamental. Por via dela o País ganhará ainda um precário balão de oxigénio, e este Governo há-de seguir em funções até ser integralmente responsabilizado.
É claro que poderia ser desfiado aqui um ror de razões para apoiar Cavaco Silva. Mas entendo que para já basta uma só: Cavaco Silva é, neste momento, o único garante de que Portugal não vai a pique!
Se o país não pudesse contar com ele na chefia do Estado, lugar em que a sua autoridade, a sua experiência e o seu saber, quer no plano político, quer no plano profissional, lhe permitirão assumir um papel absolutamente fulcral, o resultado seria pior do que o de qualquer intervenção externa devida à bancarrota, viesse ela de Bruxelas, do BCE ou do FMI.
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a lista do Lopes.
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