Um tirano decrépito que herdou o poder absoluto das mãos do seu pai prepara as coisas para que o seu filho com 27 anos comece a partilhar o comando dos cordelinhos da paródia paranóica que é o regime norte-coreano (que, nas Festas do Avante, tem e sempre teve direito a uma barraquinha solidária para debitar a propaganda deste “partido irmão” do PCP). Para já, Kim Jong-un, já com direito ao cognome de “Brilhante Camarada”, o premiado neto de Kim Il-sung e filho de Kim Jong-il (o ditador em exercício, que tenta esconder a baixa estatura com saltos altos nos sapatos e uma farta e alta cabeleira), ascendeu ao posto de general das Forças Armadas e passou a integrar o Comité Central do Partido Comunista e tomou uma vice-presidência da Comissão de Defesa Nacional - CDN (num país, lembre-se, dotado de armas atómicas). Mas dados os verdes anos de Kim Jong-un para tamanhas responsabilidades, uma sua tia, Kim Kyong-hui, e o marido desta, Jang Song-taek, foram igualmente promovidos a generais e a vice-presidentes da CDN.
Praticamente todas as notas sobre o regime norte-coreano e as suas soluções extravagantes, como as que vão ser desencadeadas agora com a ascensão do neto de Kim Il-sung, prestam-se a explorar humoristicamente a inesgotável fonte de ridículo proporcionado por esta aberração comunista. Mas acontece que estamos a falar de um país e de um povo. Concretamente, de vinte e quatro milhões de pessoas prisioneiras de um poder de manicómio, relegados para a miséria e a fome, sujeitas a uma repressão implacável (250.000 prisioneiros em campos de trabalhos forçados). Sim, por muito que pareça, aquele manicómio, arvorado de um “poder de vanguarda” que degenerou para um comunismo com tara monárquica, não é uma companhia de comediantes que ali está para nos distrair e divertir. Espolia, oprime e reprime. E anda com armas atómicas na algibeira.
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Lê-se e contem-se o espanto:
«Se o Governo parte deste pressuposto de que há partidos na Assembleia da República com quem não vale a pena negociar, é o Governo que se está a pôr à margem», lamentou, manifestando a disponibilidade de Os Verdes para também entrar nas negociações.
Por dever para com o formalismo regimental, Cavaco alimentou essa ficção e das mais grotescas trapaças partidárias que se chama “Os Verdes” (uma ficção inventada e alimentada pelo PCP para esconder a "foice e o martelo" dos boletins de voto) e recebeu a Dona Heloísa nas sessões de consulta presidencial aos partidos. Perante o convite, e por decência, Dona Heloísa devia esquivar-se a evidenciar de forma máxima o embuste, disfarçando a vergonha pelo engano partidário de que fez modo de vida. Mas Dona Heloísa é uma verdadeira funcionária profissional (uma "camarada de confiança") e vai daí, embalada pela honra da entrevista, quer ser parceira de “negociações” com o governo (!). Em nome de quê? Sim, com quantos eleitores conta este fingimento chamado “Verdes”? Mais ou menos que os recolhidos por Dona Carmelinda ou pelo Doutor Garcia? Nunca o saberemos porque não se arriscam à vergonha monumental de, a solo, irem a votos. Pois, são verdes, não coram.
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Vital Moreira:
Pela profundidade da sua análise e pela pertinência das suas propostas, o Relatório da OCDE deveria constituir leitura obrigatória para políticos, empresários e dirigentes sindicais, comentadores e jornalistas.
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E agora, Sakineh Mohammadi Ashtiani, cadê indignação e protesto ? Ou o problema estava nas pedras ?
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Agora acelerada por via chicotada social, a da “cuentaproprista”.
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Mas a sensação que se vai banalizando é que eles não tiveram tempo para "crescer e só depois aparecer"...
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São duas da tarde no Departamento de Imigração e Estrangeiros (DIE) na Rua 17 entre J com K. Dezenas de pessoas aguardam por uma permissão de saída do país, essa autorização de viagem que chamam de “carta branca”, seria ainda melhor dizer “salvo-conduto”, “a carta de liberdade” ou a “ordem de soltura”. As paredes estão descascadas e um anúncio de “cuidado, perigo de queda” exibe-se numa parede da enorme casa do Vedado. Várias mulheres - que já esqueceram de sorrir e serem amáveis – vestem seus uniformes militares e advertem o público que deve esperar disciplinadamente. De vez em quando gritam um nome e o convocado regressa minutos depois com o rosto jubiloso ou com uma contida cara de tacho.
Finalmente me chamam para anunciar a oitava negativa de viagem em apenas três anos. Especialistas em despojar-nos do que poderíamos viver, experimentar e conhecer fora das nossas fronteiras, os funcionários do DIE me comunicam que não estou “autorizada a viajar no momento”.
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Três semanas decorridas sem ponta de recaída posso, finalmente, dizer que é muito mais fácil que aquilo que julgava. Meio século de consumo, média de três maços por dia, uma bronquite tabágica crónica e … um cagaço a decidir, decidindo-nos, por um adeus sem regresso. Ou seja, afinal aquilo que parecia uma relação para a vida e para a morte reduziu-se, num golpe de vontade, a uma relação de treta que se desfez em cinza e fumo. E sem ajuda de clínicos, herbanários, curandeiros ou mezinhas, apenas pela força da teimosia.
Dou auxílio espiritual de camaradagem a candidatos ou candidatas ao ingresso no meu clube dos dissidentes e renegados. Mas, desde que não atire fumo para o meu nariz.
Provavelmente, estamos à beira de uma grave crise política motivada não pela crise económico-financeira mas por um jogo de equívocos que se apoderou da discussão política e que, pela forma como se banalizou, tornou incomunicável a comunicação. E os equívocos assentam em que ninguém quer assumir o todo com as suas partes nem as sub-partes arrastadas por cada parte. Fala-se em "redução do défice e da dívida" mas não se quer "aumento de receita" por isso arrastar aumento de impostos. Contrapõe-se a “redução da despesa” mas esconde-se o que isso necessariamente implica para a função pública. E quando este jogo de equívocos alastrou ao baile interpartidário, não sobra um inocente, incluindo o árbitro, para amostra. As oposições querem que o governo e o PS aumentem os impostos e ataquem a função pública mas que se queimem eles e só eles, PS e governo, com a impopularidade das medidas. O governo e o PS tentam sacudir o peso do ónus e pretendem o compromisso do partido alternante para que não se dê a alternância e dando mostras do seu velho estrabismo que o faz sempre olhar para a sua direita quando necessita de alianças ou compromissos. Entretanto, o CDS assobia a música do “nim” e pede mais câmaras de vigilância e sentenças de julgamentos em 24 horas. Quanto às esquerdas radicais, estas persistem no mais clássico equívoco histórico da esquerda e que arrasta uma idade à beira do centenário e se mostrou resistente aos constantes desmentidos: festejar cada novo desempregado como mais um sério candidato à militância na luta e cada agravamento social como uma janela de oportunidade para aproximar a revolução. Esta fuga colectiva, desordenada mas convergente, do problema e do contexto, da crise, subjectivando o objectivo, empurra a realidade política, económica e social para a esfera da esquizofrenia, cujo primeiro sintoma é a ilusão de que é controlável e que se pode operar o regresso ao real quando bem se entender. Sendo assim, o que há mais a temer é que a alienação procurada começando por ter motivações eleitoralistas, tentando enganar responsabilidades no julgamento dos eleitores, acabe por contaminar os próprios manipuladores, negando-lhes a lucidez de controlo do jogo perverso em que embarcaram a vida política e degradaram o debate. Esta passagem do objectivo para o subjectivo, em que os termos e os propósitos não são o que se diz mas uma outra coisa qualquer, afastando de imediato os eleitos dos eleitores, provocando a deserção destes pelo protesto do azedume, fazendo alastrar o pessimismo e a inacção, desacreditando qualquer solução que passe pelo incremento da cidadania, leva directamente aos contextos da saturação e das condições favoráveis ao punho forte e aos homens providenciais. A chamada a Belém dos partidos é, neste aspecto, um sinal preocupante de que a peça está a acelerar a cadência dos actos.
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Sentença de um director de jornal sobre uma jornalista e o jornalismo que escapa à disciplina do seu cartão de partido:
Com os seus nome e alcunha, «Fernanda Câncio, jornalista» integra a turba canora que, à frente dos média dominantes, entoa, em coro síncrono, o vasto reportório do cancioneiro da mediocridade e da abjecção que é o conteúdo dos média dominantes.
Tente-se procurar no Acordão de Casanova um argumento ou contra-argumento face ao “pecado” de Fernanda Câncio, decerto grave para "merecer" tão odiosa resposta. Mas nem vestígio dessas “ninharias” segundo os critérios do director-controleiro. Apenas o vómito do insulto, feito sentença, perante quem “pisou solo sagrado”.
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Jorge Briceño, El Mono Jojoy, foi infernizar o inferno.
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O Gulag, em cada versão na sua maneira, de Estaline a Pol Pot mas sem excepção para amostra, foi o único sítio onde os comunismos alçados ao Poder não abdicaram do pluralismo. Pelo contrário, tentaram meter o máximo dele, do pluralismo, lá dentro. Incluindo, em excesso de zelo, muitos comunistas.
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