Segunda-feira, 30 de Novembro de 2009

Acho que quando se gosta e admira uma pessoa, de quem se foi colaborador e se considera genial, não se lhe deseja que acabe mal, espatifando uma carreira interrompida, marginalizando-se, perdendo a namorada, dando cabo da saúde e da reputação. Mário Lino, ao comparar Sócrates a Maradona, não mostrou ser amigo de quem foi chefe de um governo em que participou. Eu que, politicamente, estou longe, muito longe, de admirar Sócrates, não gostaria de um dia vir a saber que ele tinha ido para Cuba "desintoxicar-se".
Domingo, 29 de Novembro de 2009

Eu não sei, ele não esclareceu, onde Rui Silva esteve no 25 de Novembro de 1975. Se foi mobilizado para Tancos ou Monte Real, se tentou mobilizar os fuzileiros em Vale do Zebro, ou se deu uma olhadela em Monsanto, na Amadora junto aos Comandos, ou apenas deu ânimo ao Durant Clemente na RTP, ou então, hipótese mais heróica, se assessorou Costa Martins na sua misteriosa missão ao Copcon, o que só seria ultrapassado em partilha de raridade histórica pela eventualidade de ter escutado a conversa secreta entre Melo Antunes e Álvaro Cunhal na noite crucial. Talvez, antes e pelo contrário, não tenha saído à rua nesse dia. Mas bom mesmo, melhor que tudo, é que Rui Silva prefira “factos concretos ou evidências”. Também eu opto por esse menu. Por isso, só por isso, lhe transcrevo um post que coloquei neste blogue em Abril de 2004, um flash da minha memória da experiência, concreta e evidente, relativa a 25 de Novembro de 1975:
A orientação veio rápida e sem margem para hesitações. Chegou a Hora. Tudo ia estar em jogo para se ganhar ou se perder. Não havia lugar para meias tintas. Ou se ia para o socialismo puro ou se regredia para a longa noite. A sentença estava traçada. Portugal tinha a sina do tudo ou nada, democracia parlamentar burguesa é que não tinha cá cabidela. Aquecida a luta de classes, a solução estaria agora nas espingardas e não nos votos. Pois, 1917 em Petrogrado, 1948 em Praga, etc e tal. Ou nós ou eles.
A instrução era para se saber rapidamente quem tinha feito a tropa mais a guerra e qual a especialidade castrense. Levantamento feito, pelotão constituído. De trinta e um de boca mas era o que se podia arranjar. É esta noite. Mais vale improvisar e atamancar que perder o comboio expresso da história. Vamos a isso. É esta noite. Ou nós ou eles.
Os pelotões improvisados são encaminhados para uma Escola Primária em Marvila. No escurecer, as sombras dos vultos movem-se. Senhas e contra-senhas. A sede do PS local inquieta-se com a proximidade dos movimentos. O que é isto? Há emboscada? E lá teriam as suas informações da outra banda. Montam-se vigilâncias reforçadas dos dois lados. Vultos para cá, vultos para lá.
No ginásio da Escola, aguarda-se. Esperar, aguentar. As armas de Braço de Prata vão chegar a qualquer momento, fresquinhas e prontas a disparar socialismo. Depois era só saber-se onde ficava o Palácio de Inverno a conquistar. Esperando o sinal do cruzador Aurora das terras lusitanas. E avançar. Os caboucos do Exército Vermelho lusitano estavam metidos dentro do terreno. Melhor, enterrados naquela Escola Primária de Marvila e noutras trincheiras. Os dirigentes sabem o que fazem. São revolucionários experimentados, isto para eles é o b, á, bá. As horas passam. E ouvem-se os barulhos dos movimentos dos gajos do PS. Surgem os primeiros sinais de impaciência. O camarada que devia entender-se com a bazuca quer ir para casa porque tinha a mulher em polvorosa. Aguenta que isto está quase. Não vais ficar fora do retrato do momento decisivo da história do proletariado português. Não aguento nada, vou para casa, senão não consigo aturar a mulher. Calma, isto está por pouco. Vamos trocar as voltas aos gajos que se deixaram embalar com a história da retirada da ditadura do proletariado do programa. A burguesia vai ver como elas lhe mordem. Antes que nos mordam a nós. Agora só se pode ganhar ou perder. Não há direito a empates. Está mesmo a chegar o material de Braço de Prata. Depois é que vão ser elas. Ou nós ou eles.
Lá fora, na escuridão, só se ouvem os barulhos dos gajos do PS. A nova ordem chega, malta, é preciso é calma, vamos todos retirar em grupos e sem dar nas vistas. Não é desta. Aqui não esteve ninguém. Ou, então, foi só um convívio de solteiros e casados. Fica para a próxima. Não há relógio que marque a hora da revolução. O que é preciso é que não lhe faltem a corda ou as pilhas. A ocasião soará. Mas não é desta. O camarada da bazuca é o primeiro a zarpar direitinho a tentar recuperar o sossego da mulher. Os outros vão saindo, evitando passar junto aos gajos do PS de Marvila. Pensa-se que os camaradas de Braço de Prata devem-se ter cortado. Mas se eles se baldaram, houve muitas mais baldas. Se calhar, foi o proletariado que tinha mais olhos que barriga. Ou então, os revolucionários profissionais da vanguarda tinham a lição mal aprendida com pressas demasiadas.
Demorou montes de tempos até perceber quanto foi bom para a democracia e para todos, nós e eles, que as tais armas de Braço de Prata não tivessem chegado até à Escola Primária de Marvila em 25 de Novembro de 1975. Como é que o camarada da bazuca se ia concentrar com a mente perturbada pelo desatino do raio da mulher?

Adoro robalo, grelhado. Já comi muitos. Mas paguei-os todos. Nem um micro, pequeno, médio ou alto quadro do PS, de uma concelhia, distrital ou nacional, ou da sucata (quase o mesmo), me pagou um robalo que fosse, mesmo daqueles pequeninos criados em viveiro. Cada vez que me lembro dos meus votos já dados ao PS, do género de votos que atirei para a sucata, sem a contrapartida da oferta de um robalo, sequer de um robalinho, sinto uma revolta democrática. Grelhadinha, assim como eu gosto dos robalos.
Sábado, 28 de Novembro de 2009
Sexta-feira, 27 de Novembro de 2009

Como muito bem se demonstra aqui.

Depois da elevação assessorial de Fernando Lima e a ocupação do posto de origem deste por Ana Zita Gomes, porque não pintam o Palácio do Presidente Laranja de cor … laranja?

António Vilarigues, no “Público”, insiste na sua investida sobre a história. Hoje, pretendeu lembrar um pretenso “ponto esquecido”, referindo o apoio do grande capital alemão à ascensão e domínio do nazismo na Alemanha. Ou seja, aquilo que qualquer iniciado, mesmo que pouco dotado em conhecimentos e se não for mentecapto, sabe. Naturalmente, o “ponto de Vilarigues” não era esta evidência, ele é antes revelado quando escreve: “Desde o início da crise de 1929 todas as classes possuidoras da Alemanha guinaram fortemente á direita. A crise assustava-os. Sobretudo porque conduzia à radicalização das massas, à sua viragem à esquerda. Era o medo que cegava e imbecilizava os políticos alemães.”. Ou seja, a apresentação de um cenário simplista em que os políticos de Weimar de braços dados aos empresários e banqueiros caminharam para levar Hitler ao poder, enquanto ao fundo, politica e pacificamente (supõe-se), as “massas” se radicalizavam e viravam à esquerda, sugerindo uma atribuição unipolar (os políticos de Weimar e os capitalistas) às responsabilidades pelas ascensão do nazismo hitleriano. Tentando revelar, Vilarigues não revela o que acontecia na banda do que eufemísticamente esconde sob o lençol das “massas”. E aí, entre as “massas”, o que fazia o Partido Comunista Alemão (DKP)? Poderoso eleitoralmente mas incapaz de chegar sozinho ao poder, em paralelo imitativo com as práticas nazis, o DKP levava a cabo acções de insurreição, incluindo a armada, poderosamente apoiado pelo Komintern, instituía a linha “classe contra classe”, recusava qualquer entendimento com os sociais-democratas a quem chamava de “social-fascistas” (uma prática de que o próprio Komintern se autocriticaria mais tarde quando guinou para a linha da “frente popular), partilhava o ódio dos nazis para com o parlamentarismo, a democracia e as liberdades, apostados ambos na violência como parteira da história. E foi essa tenaz sectária, com os dois braços simétricos mas articulados (o do nazismo e o do comunismo), que matou a democracia na Alemanha e permitiu a ascensão do extremismo mais poderoso e mais apoiado no quadro maniqueísta e insurreccional em que a Alemanha havia mergulhado. Como incursionista da história, Vilarigues demonstra maiores debilidades que quando se meteu em ambições desmedidas de sonhar vir a ser presidente da câmara de Penalva do Castelo. Nas últimas autárquicas, com o emblema da CDU, só conseguiu convencer 184 eleitores castelenses (3,09% dos votos) a apoiarem-no no seu projecto de ambição política, não conseguindo sequer um lugar de vereador. Duvido que, enquanto metido em trabalhos de “desvendador dos silêncios históricos”, consiga melhor resultado entre quem lê as crónicas mal amanhadas deste autointitulado "especialista em sistemas de comunicação e informação".

Passam dez anos desde a morte de Melo Antunes, o militar mais político do MFA e o político mais militar, embora não o parecesse, da transição da ditadura para a democracia, um discreto mas influente homem do leme que teimava seguir uma rota socialista sem as perversões totalitárias do caldo de estalinistas e utópicos de matrizes contraditórias e sem dar comida para os dentes dos tubarões da direita revanchista, uns acantonados na casa das máquinas do PREC e outros na espera ansiosa de recuperarem o poder perdido com a queda de Marcello e Tomás.
A historiadora Maria Manuela Cruzeiro, autora de um livro incontornável em que recolheu uma sua longa conversa com Melo Antunes (*), fez aqui uma evocação desta figura político-militar da revolução portuguesa. E, pendurada no post, continuou a conversa sobre Melo Antunes com os seus comentadores. É desta MMC, a cidadã a despir-se das vestes da solenidade da escrita académica que tão bem domina e melhor lhe fica, a MMC que prefiro sem deixar de admirar a historiadora emérita que ela é, que transcrevo esta síntese exemplar sobre Melo Antunes:
Obrigada a todos, pela forma calorosa com que se associaram a esta evocação de Melo Antunes, figura tão mal conhecida e primariamente avaliada quer por amigos quer por inimigos. Na verdade a sua dimensão humana, intelectual e cívica continua a incomodar num país que pensa e age tão rasteiramente que não pode perceber não só a sua capacidade de reflexão e visão política, como a sua invulgar (para mais num militar) cultura literária, histórica, filosófica, e até musical.
Homem de esquerda consequente e fundamentada, muito antes do 25 de Abril sonhou para este país um regime que não fosse a capitulação face ao modelo capitalista ocidental nem caísse no colectivismo dos países de leste. Para esta democracia avançada, socialista (sem socialismos na gaveta), capaz de operar uma transformação estrutural da sociedade portuguesa inspirava-se em Gramsci (um dos seus autores) e no conceito de bloco histórico. A esquerda (leia-se PS e PCP) não foi sensível ao apelo, o atraso cultural social e político deste país eram herança demasiado pesada, as pressões externas de uma Europa e Estados Unidos em pânico com a pura hipótese de uma unidade Comunistas/Socialistas apertava ainda mais o cerco. O sonho foi-se esfumando num esforço desesperado para salvar o que era salvável. Pragmaticamente, mas com a amargura e o desencanto de uma oportunidade perdida. Um homem destes, um outsider, sem partidos por detrás, estava escrito, que seria carne para canhão da marabunta política. Que dele se serviu para depois o pôr de lado. Eis como uma vida a vários títulos exemplar é também exemplificativa das grandezas e misérias deste país que aceita sem um sobressalto que a grande notícias do último 25 de Abril seja a promoção a general de Jaime Neves, e a deste 25 de Novembro, a decisão de lhe fazer um busto. Não tão grande porém, como a estátua do Cónego Melo que, segundo consta, é de proporções gigantescas.
(*) “Melo Antunes, o Sonhador Pragmático”, Maria Manuela Cruzeiro, Editorial Notícias.
Quinta-feira, 26 de Novembro de 2009

A extrema-direita dos marginais, violenta e racista, só é imaginativa a beber o vinagre do crime sádico. Um nojo social, esta semi-gente, mais escumalha que gente.

Numa altura em que se tende para se desacreditar de tudo e de todos, com a lama a saltar por quase todos os lados, devia ter o maior realce a recondução de Guilherme de Oliveira Martins à frente do Tribunal de Contas e do Conselho de Prevenção da Corrupção. Sem uma ponta de contestação. É uma originalidade refrescante que Guilherme de Oliveira Martins (cuja nomeação para o primeiro mandato foi contestadíssima por ser um homem proveniente da “família socialista” e que se suspeitava como mais um tentáculo do “polvo”) tenha cumprido o mandato com uma inteireza impoluta que lhe deram autoridade, respeito e consideração unânime. Sem um dedo a apontar-lhe um frete ao governo. São homens assim que constroem a democracia, a consolidam e a dignificam. Venham mais cinco (destes).

Vai saltando a tampa da amnésia com que a “transição” enclausurou a memória dos espanhóis. Os falangistas reciclados a toda a velocidade e que, mais tarde, desaguaram maioritariamente no PP, foram, natural e imediatamente, os grandes beneficiados com o pacto dos silêncios sobre o passado. Os tabus instituídos tacitamente alimentaram a ilusão de que era possível uma democracia pós-franquista, democrática mas com o rei fabricado por Franco, a manutenção da iconografia feita de exaltação de Franco e da gesta dos vencedores na guerra civil, com os arquivos do ditador (incluindo a matéria de Estado) sepultados nas mãos da família (um caso único em que a família de um ditador renegado herdou, com direito a sequestro, os documentos do Estado circulados no escritório do ditador). Os partidos dos antifranquistas espanhóis, ainda sob o sindroma do medo tecido durante décadas pela ditadura e cientes das suas fragilidades na afirmação pública e popular, com o “exemplo português” a crepitar-lhes ao lado, temendo uma hipotética regressão sob forma violenta, cederam, cambiando amnésia por consolidação democrática. O resultado mais vivo desse pacto, gerido por Suarez e vigiado pelo rei, em que a Igreja, Gonzalez e Carrillo ajudaram à missa, foi uma geração inteira de espanhóis educada na ausência de memória, portanto sem passado, e um país surreal, democrático na aparência e nas formalidades, pintalgado de norte a sul, este a oeste, com as evocações, loas e monumentalidade dedicada ao ditador e aos vencedores armados pelo nazi-fascismo, servida por um cultura construída em cima de interdições históricas, grotesca no seu enorme buraco negro plantado na memória colectiva. Tirando extremistas marginais, ninguém queria assumir-se como herdeiro das décadas de ditadura brutal e assassina de Franco, mas minguavam os que queriam enfrentar a ferida por sarar aplicando-lhe a tintura e a compressa feitas de verdade, de justiça e de catarse. Neste contexto, em que os políticos democratas baquearam, o papel de rebeldia foi assumido por jovens historiadores e descendentes das vítimas de Franco, os primeiros exigindo conhecimento e rigor, os segundos pugnando, sobretudo, pela identificação e direito a sepultura das ossadas dos fuzilados pelo fascismo espanhol e espalhadas pelos campos e valetas de toda a Espanha. Os dois governos Zapatero, apesar de inúmeras tibiezas e insuficiências, têm direito à honra de colocarem a política com o passo acertado pela história.
A proliferação da historiografia sobre a guerra civil e o franquismo, apesar das lacunas importantíssimas pela falta de acesso a documentos valiosos e fulcrais, é uma evidência para quem visita Espanha e espreita as livrarias. O tabu está quebrado. Há os que fazem recuperação da memória e recolocam os vencidos dentro da história. Há os neo-franquistas, e são bastantes, que diluem responsabilidades tentando relativizar os crimes (lembram os estalinistas estúpidos e estupidificantes daqui que, sobre o Gulag, referem os delinquentes dos Estados Unidos; sobre a queda do Muro de Berlim assobiam para o Muro de Jerusalém). Há polémica e querelas para todos os gostos. Mas a história pula e avança.
Julián Casanova, na foto, é um jovem historiador espanhol. Juntamente com o seu colega Carlos Gil Andrés, acaba de editar uma 'Historia de España en el siglo XX'. Num debate vivo e interessantíssimo promovido pelo jornal “Público” (acessível aqui), Julián Casanova responde a várias questões colocadas pelos leitores do jornal e que tocam várias facetas da problematização sobre o passado franquista. Das respostas de Casanova destaco a lembrança do que mais é esquecido sobre a ignomínia franquista: não saciado com as cem mil pessoas que Franco assassinou durante a guerra civil, no após-guerra, como vencedor sedento de sangue e vingança, sentado no seu poder absoluto, fuzilou ainda mais cinquenta mil espanhóis (no período 1939-1946). Em tempos de revivalismo vampiresco, recordar o gosto de Franco por sangue de adversários e diferentes, não destoa.

Ricardo Araújo Pereira, na Visão de hoje:
Políticos menos resistentes já foram obrigados a demitir-se por causa de anedotas, de sisas que afinal tinham pago, de corninhos. O primeiro-ministro transita de escândalo em escândalo como Tarzan de liana em liana. Nenhum homem é uma ilha, diz o poeta, mas José Sócrates é um homem rodeado de escândalos por todos os lados. Não há escândalo que consiga verdadeiramente furar a barreira de escândalos que o rodeia. Aparece um escândalo novo e a opinião pública boceja: já vimos melhor. Surge uma suspeita inédita e o País escolhe os ombros: podia ser mais escandalosa. Estar envolvido num escândalo é grave; estar metido em vários é uma garantia de segurança. O povo conhece José Sócrates há já algum tempo e sabe que ele pode estar envolvido num escândalo, mas duvida que ele tenha a iniciativa, o desembaraço e a capacidade de trabalho para estar envolvido em tantos.

Adam Michnik, na foto, foi um dos lutadores mais influentes, mais perseguidos e mais conhecidos na luta contra o totalitarismo na Polónia colonizada pelo império soviético e pelo dogma marxista-leninista. Actualmente, mantem-se activo enquanto director do jornal diário Gazeta Wyborcza. Em Madrid, onde apresentou a edição em castelhano do livro “O meu século”, escrito pelo seu compatriota Aleksander Wat e que funcionou como uma espécie de bíblia da clandestinidade durante a resistência ao comunismo, Michnik falou para o “Público” (o de Espanha). As palavras dele são duras mas necessárias porque despidas de roupagens da ambiguidade.

Uma notícia na névoa da cumplicidade para com os padres tarados e abusadores, muitos deles pretensos orientadores da sexualidade no mundo.