Sexta-feira, 31 de Julho de 2009
… entro em ritmo de marcha de relax.
ASSASSINOS!
Quinta-feira, 30 de Julho de 2009
Tem lá paciência, ó Domingos Paciência, mas podias ter feito melhor. Para já, estás à rasca para chegares onde chegou o Jesus. Morde a língua, pode ser que consigas.
Pois, se “ontem” fosse “hoje”, e só recorrendo à memória e ao tempo das preciosidades para o Museu, José Águas (angolano), Eusébio (moçambicano), Coluna (moçambicano) e Costa Pereira (moçambicano), seriam jogadores “estrangeiros”. E o choradinho chauvinista esquece que a maioria dos jogadores portugueses que hoje se distinguem zarpam rapidamente para a emigração (veja-se quantos jogadores da selecção jogam em Portugal). Felizmente para eles, nos clubes da Europa endinheirada para onde vão jogar não se defrontam com este nojo tuga para com estrangeiros.
Transcrevo Comunicado da Editora Angelus Novus:
Encabulado, só digo: Pronto, não é caso para viajar até ao gulag (ou ser deportado para a Madeira). Faço autocrítica e não se fala mais nisto.
Quarta-feira, 29 de Julho de 2009
No feixe de cordões umbilicais que ligam a CGTP ao PCP, o menos conhecido mas que não sabe sequer o que é uma válvula de regulação de fluxos de intimidade, é o das “relações internacionais”. Aqui, o seguidismo é do nível da intimidade orgânica. Com o aspecto adicional de, no sector “internacionalista” do PCP, estar entrincheirado o núcleo da ortodoxia mais estalinista daquele partido e que, orfão do Pai PCUS, vagueia entre o aventureirismo amigo de terroristas, o antiamericanismo pavloviano e as saudades dos tempos soviéticos. É aí que os dirigentes do “sector internacional” da CGTP vão beber as consignas e os mapas aprovados para as suas acções de solidariedade, na prática mais servil entre as seguidas pelo “braço sindical” do PCP.
A CGTP saiu ontem às ruas para se manifestar. Contra o quê? Pois, contra o golpe de estado nas Honduras, a única das últimas ocorrências internacionais que o PCP condenou. Solidária com os trabalhadores e o povo das Honduras, a CGTP encheu ontem as ruas de Lisboa, acontecimento maior da luta de massas que não terá havido lisboeta que disso não se tenha dado conta tão "gigantesca" foi a multidão manifestante. Mas com as Honduras, só com as Honduras, porque a solidariedade está “cara” e os “bolsos” internacionalistas da CGTP e do PCP sofrem de sovinice partidária. Como constatou Manuel António Pina:
(…) procurei no "site" da central o que, em nome dos seus "princípios e valores fundamentais", a CGTP teria também feito (ou dito, ou apenas murmurado) face à "ditadura e brutal repressão" e "numerosas detenções e mortes" em Xinjiang e Teerão e "às inaceitáveis violações dos direitos humanos" dos povos da China e do Irão denunciadas por "entidades de defesa dos direitos humanos". Pesquisei "Xinjiang" e obtive zero resultados; pesquisei "Irão" e obtive 15 futuros do indicativo do verbo "ir" e uma referência às "ameaças dos EUA ao Irão". Talvez, quem sabe?, a CGTP tenha, nestes casos, optado por manifestar-se silenciosamente.
Imagem: Graciete Cruz, dirigente sindicalista e partidária, antiga empregada tabaqueira, discursando (tarefa em que ganhou visibilidade nas reuniões da Cintura Industrial de Lisboa, sempre, sempre, ao lado de Jerónimo de Sousa, seu partenaire em discursos para motivar as massas populares para a revolução). Actualmente, acumula a direcção das relações internacionais da CGTP em que é membro da sua Comissão Executiva, com tarefas como membro do Comité Central do PCP.
Embora por causa de algumas linhas tortas, valeu a pena o atraso na edição do livro de Rui Bebiano intitulado “Outubro” (*), agora finalmente disponível para leitura. Refiro-me à sua coincidência com a espécie de polémica causada pela direita madeirense de propor que a próxima revisão constitucional inclua a proibição do comunismo. E quem acredita em bruxas até pode convencer-se que a Editora subornou o bronco Alberto João para dar uma ajuda ao lançamento de “Outubro”, incrementando a sua oportunidade. No meio do chinfrim provocado pela insólita e provocatória proposta vinda do bunker reaccionário madeirense e do aproveitamento vitimizante dos provocados, a que se juntaram muitas almas escandalizadas com a hipótese de se perder a unicidade condenatória dos extremismos políticos e ideológicos sobre as costas do nazi-fascismo, a leitura deste livrinho pode ajudar a passar-se do barulho para o debate, da esgrima emocional para o entendimento das razões porque, ainda hoje, a ideia comunista construída à volta e em consequência do fragor da Revolução de Outubro (1917), mesmo com os milhões de esqueletos de vítimas no seu armário, é intocável em termos de julgamento e condenação.
Pela abordagem metódica e sintética da longa viagem do projecto revolucionário comunista, da sua génese leninista até aos nossos dias e nas suas sobrevivências serôdias (algumas, absolutamente grotescas), o livro de Rui Bebiano constitui um talentoso e rigoroso “ponto da situação” bem ancorado nos factos históricos relevantes e no desenvolvimento teórico da sua ortodoxia e heterodoxias, aliando um estilo académico (no que ele tem de obrigações perante o rigor da linguagem e o método historiográfico, sem os bordões da “linguagem de madeira” típicos das obras comunistas e de muitos dos que com eles polemizam) que é qb para que não deixe de ser, como é, uma obra de divulgação e facilmente integrável na discussão política corrente. O que se entende bem se se tiver em conta que o texto (depois revisto e trabalhado) resultou de uma colagem de posts que Rui Bebiano editara no seu blogue. Na dimensão dos seus objectivos próprios, pode dizer-se que o universo editorial português não contava antes com uma obra que aliasse de forma tão conseguida a abrangência e a síntese acerca do tema tratado, passando “Outubro” a ser uma incontornável obra de iniciação no estudo e reflexão sobre a ideia comunista para os que tiverem como objectivo abordá-la de uma forma desinibida mas rigorosa, liberta dos lugares comuns pró e contra que alimentam a fornalha da paixão política e partidária.
“Outubro” tem ainda o mérito de, em vez de fechar o debate, o abrir e suscitar. E, neste aspecto, adianto e arrisco quatro pontos, provavelmente bons para uma estimulante querela futura. Desde logo, a ideia de utopia que Rui Bebiano coloca (com um carinho não escondido pelo autor) não só como fonte de perenidade da ideia comunista contra ventos, marés e evidências, mas como a integração desta (a utopia) na atracão humana pela emancipação revolucionária (o corte no lugar da reforma). Depois, Rui Bebiano não aborda, ou trata apenas de raspão, o fenómeno (e a sua génese) da degenerescência da prática de poder do comunismo que, em todos os lados onde vingou, numa constância inevitavelmente com origem numa marca “genética” da estrutura e prática partidária, que, com a ascensão ao poder, transforma automaticamente uma organização militante assente na generosidade do protesto e da pulsão pela transformação (iluminada pela utopia, pois claro) para Estados policiais, repressivos e sobrevivendo, se necessário, através do assassínio em massa. Em terceiro lugar, a centralidade do discurso de Rui Bebiano na figura de Lenine não permite definir, na sua justa medida, o papel de Estaline e a sua acção transformadora do partido comunista, quando desde os anos 30 do século XX é o estalinismo (com o leninismo sujeito ao descarnamento da referência) que marca não só a URSS e o PCUS como todos os partidos comunistas no mundo. Finalmente, a importância da purga e da dissidência no universo partidário comunista (e respectivas perseguições aos “tresmalhados”), como uma espécie de necessidade e compulsão, muitas vezes tipificando comportamentos paranóicos de exercício de poder que levaram ao paradoxo sangrento de terem sido assassinados mais comunistas (muitos morrendo a gritarem “viva o comunismo!”) por parte de poderes comunistas que os que foram liquidados pelo seu oposto no extremismo ideológico, o nazi-fascismo.
(*) – “Outubro”, Rui Bebiano, Editora Angelus Novus.
[Nota: Pode adquirir o livro pela internet (ir aqui)]
Imagem: A Comissão Política do PCUS na tribuna na Praça Vermelha (Moscovo) sobre o túmulo de Lenine e Estaline (quando as múmias de ambos foram condóminas do mesmo mausoléu).
Terça-feira, 28 de Julho de 2009
O jornalismo mais clássico (a maioria do jornalismo, uma parte por falta de talento e outra por excesso de preguiça) descobriu (só) agora, com o Simplex e o Compliquex, os blogues destinados a angariarem votos. E, no entanto, este ciber-recurso de propaganda eleitoral já foi utilizado intensamente noutras campanhas e pré-campanhas, pelo menos desde as últimas presidenciais. A novidade de agora é a blogosfera, antes muito mal vista por tantos políticos, intelectuais, comentadores de jornais e jornalistas, já ser considerada um recurso útil e decente para propagar influências e vender marcas eleitorais, com muitos a morderem a língua que antes considerara os blogues como coisas do “submundo”. E, como tal, um meio cómodo e indispensável para os jornalistas pescarem à linha uma qualquer polémica ou trica fresquinhas. Mas os jornalistas enganam-se de novo quando, também agora, afirmam que “os partidos descobriram a blogosfera”. Em rigor, o que se trata, nos momentos de excitação eleitoral, é haver um número razoável de bloggers que descobrem os partidos. O que antes, quando atacava, levava aos comícios, a blogosfera permite agora, em alternativa, que na comodidade solitária do manuseamento do portátil, se possa enturmar sem se sair de casa, fazendo grupo por via do somatório, numa espécie de democracia individualista em rede.
Algarve, sol e mar: fala-se de falta de procura neste verão para tanta oferta. Nem sempre foi assim, havendo pobreza algarvia, quase sem oferta e muito rara procura. Até se dizia dos algarvios que eram alentejanos a quem tinham faltado os travões. Sou desse tempo.
Segunda-feira, 27 de Julho de 2009
Tendo em conta que decidiram ir a votos, uma das excitações eleitorais é tentar adivinhar quantos deputados a Fenprof vai conseguir eleger.
Sexta-feira, 24 de Julho de 2009
Os recém criados blogues das tribos eleitorais PS e PSD estão para o debate político como os matraquilhos para um jogo de futebol. Fazem muito barulho, estão agarrados a varões que os mantêm nos eixos, não usam a cabeça, chutam com os pés juntos, usam sempre o mesmo posicionamento táctico e só se movimentam para os lados.
Quinta-feira, 23 de Julho de 2009