Terça-feira, 31 de Março de 2009

LEGIONÁRIOS DE QUÊ?

 

Não era melhor que em vez de terem um Papa teólogo arranjassem um Papa sexólogo? 

Publicado por João Tunes às 22:41
Link do post | Comentar

HÁ QUE PAGAR AS MANIFS

 

Não entendo esta surpresa sobre o número de professores na lista da CDU para o Parlamento Europeu e que relegaram os representantes do proletariado para dois lugares honoríficos faz-de-conta, 25º (para um metalúrgico) e 28º (para um pescador). Haverá classe profissional melhor avaliada pelo Comité Central que a dos professores?

Publicado por João Tunes às 22:04
Link do post | Comentar | Ver comentários (1)

O IMBRÓGLIO BASCO

 

A integração do País Basco na vida democrática teve, com os resultados das últimas eleições regionais, uma evolução mais precária que positiva. A dualidade que durante décadas sustentou a demorada adolescência basca de adaptação democrática (a ETA pela bomba, o PNV no governo regional) deu sinais de querer amadurecer, embora tenha dado resultados sucedâneos demasiado frágeis. O bloqueio à vista só foi superado pelo entendimento entre PSOE e PP, em que a troco da atribuição do cargo de “lehendakari” ao socialista Patxi López, se concedeu à ultra-conservadora do PP Arantza Quiroga (na foto) o lugar de presidenta do Parlamento Basco. Entretanto, os sindicatos nacionalistas marcaram uma greve geral para 21 de Maio, o PNV remói vingança política e a ETA continua a meter detonadores nos explosivos. Não está nada fácil a moenga, isso não.

 

Publicado por João Tunes às 16:39
Link do post | Comentar

JORGE SEMPRÚN, ALIÁS FREDERICO SÁNCHEZ, DE VOLTA

 

Há autores com que colamos ficando-nos metidos na pele de leitura. Nenhum livro deles nos decepciona, todos são esperas confirmadas que nos compensam a ansiedade da escrita publicada. Esta empatia simbiótica só acontece quando o talento, o estilo, o olhar e o percurso nos colocam a ler aquilo que gostávamos fosse obra nossa. Não a pessoa, mas os seus livros, numa espécie de roteiro de autobiografia transfigurada. É um género de que, pela degola das decepções, só me restam dois titulares: José Cardoso Pires e Jorge Semprún. O primeiro foi-se, Semprún tem 85 anos e publica pouco. Por isso, resta-me relê-los.  E é assim que, volta e meia, quanto a Semprún, me reencontro com o personagem Federico Sánchez (que foi o seu apelido de clandestino na Espanha franquista do fim dos anos cinquenta) que o escritor, quase há duas décadas atrás, decidiu suicidar como alter ego literário (e político), o que foi uma forma simbólica de deixar de autobiografar-se.
 
Eis senão quando leio que Frederico Sánchez voltou, fez uma breve palestra no Senado espanhol e voltou a desaparecer. Pelo resumo jornalístico, fica-se a saber que fez revelações que ainda causam furor, perturbando alguns clichés fixados na memória colectiva. E também contou anedotas do tempo de clandestinidade, como a do risco corrido quando num bar de Madrid dos anos cinquenta perguntou com inocência perigosa quem era esse tal Di Stefano de que todo o mundo falava à sua volta. E dá para imaginar, comparativamente, o risco de estranheza que um clandestino aqui correria, por chamada de atenção para a sua pessoa desentranhada do mundo, se na década de sessenta do salazarismo final mostrasse em público a sua ignorância acerca de quem era um tal Eusébio.  
 

Foi brevíssimo e soube a pouco este reencontro com um meu escritor de pele. Mas foi. E do outro nem isso, para minha desgraça de leitura, posso esperar.

 

Publicado por João Tunes às 13:29
Link do post | Comentar | Ver comentários (2)

OS VENTOS SOBRE ESPANHA

 

Um dos aspectos menos abordados na literatura histórica difundida, por isso entre os menos conhecidos e discutidos, acerca da guerra civil em Espanha (1936-39) é o envolvimento soviético ao lado da Frente Popular. Sobre este aspecto, ou abundam os silêncios ou os clichés que romantizam o “lado republicano” ou o demonizam. Este artigo de António Elorza, professor de Ciências Políticas, é uma síntese equilibrada e sugestiva sobre a forma como Estaline lidou com o conflito espanhol que emocionou e envolveu praticamente todo o mundo no final da década de 30 do século XX, desencadeando paixões maniqueístas cujos ecos ainda contaminam a actualidade ideológica.

 

Publicado por João Tunes às 12:31
Link do post | Comentar | Ver comentários (4)

DESDE QUE NÃO SEJA PARA O TRATADO DE LISBOA…

 

 

Vital Moreira e a figura do Referendo:
 
Aplaudo as medidas aprovadas no congresso do Sporting no sentido de adopção do referendo (…)
 

Quem pensava que o ilustre candidato embirrava com referendos desengane-se. Porque se estes são maus para a Europa, são bons para ... o Sporting.

 

Publicado por João Tunes às 11:30
Link do post | Comentar
Segunda-feira, 30 de Março de 2009

PONTO SEM RETORNO

 

A posição do Presidente Obama sobre a GM atinge as tripas de um símbolo (legível na frase célebre e gasta de “o que é bom para a GM é bom para a América”), dando-lhes, como escolha, serem salsichas ou nada. Que chorem os neo-liberais porque assim são úteis ao produzirem água barata.

 

Publicado por João Tunes às 22:23
Link do post | Comentar

A HORA DA ESQUERDA

 

Num artigo publicado em “El País”, Nicolás Sartorius, um velho militante contra o franquismo, sindicalista e activista político da esquerda espanhola, alerta e propõe:
 
Milhares de milhões para os bancos e milhares de trabalhadores para o desemprego é uma mistura explosiva. Os sindicatos estão a adoptar uma atitude muito responsável mas não seria bom que fossem ultrapassados pela revolta das pessoas. É que toda a paciência tem limites.
 
É evidente que os sectores “sistémicos” da economia não se podem deixar cair – a parte financeira, a energia, as comunicações, a actividade do meio ambiental -. Mas, por isso mesmo, estes serviços públicos globais têm que merecer uma eficiente supervisão e regulação a diferentes níveis e, em certos casos, têm que estar em mãos públicas.
 
Desta crise pode-se sair com mais do mesmo ou com outro modelo, mais democrático, mais social e, desde logo, sustentável. Penso que a época em que os EUA e a Europa faziam e desfaziam está ultrapassada. Há que democratizar todas as instituições internacionais; fomentar os processos de integração regional de forma a criar uma rede de governação coordenada e global; apostar num novo paradigma energético baseado em energias limpas; estabelecer novas regras no comércio mundial que incluam cláusulas de coesão social; acabar com os paraísos fiscais que são autênticos roubos aos fiscos enquanto as pessoas continuam a perguntar-se “onde está o dinheiro?”. Numa palavra, ir criando, paulatinamente, um Estado de bem estar global, única maneira, em minha opinião, de manter para o futuro aquilo que desfrutamos no Ocidente.
 
Esta grande operação de criar um novo modelo de desenvolvimento democrático, social e sustentável tem que ser liderado pelas forças progressistas, políticas e sociais, passando à ofensiva no terreno das ideias, dos valores, das políticas e das alianças.
(ler o artigo completo aqui)
A direita e o centro (que a direita arrastou para o neo-liberalismo), incluindo toda a banda social-democrata que, a partir de Blair e imitando-o, se vergou ao primado absoluto do privado e do mercado até às suas últimas aberrações, estão incapacitados de responderem à crise. E, neste “museu da crise”, Cavaco Silva, Sócrates, Ferreira Leite e Portas ficam bem como “figuras de cera”. Muito menos esta gente é capaz de a aproveitar para a construção de um novo paradigma global que, partindo dos escombros da crise, resolva não só os graves problemas económicos e sociais do momento, mormente a relação entre o económico e o financeiro, como a construção de uma nova ordem global que previna os entorses e as disparidades toleradas como crie os alicerces de uma nova era de prosperidade, espalhando-a e não restringindo-a. Só a esquerda, se for propositiva e reformista, ousada a pensar, a agir e a unir, alijando o projecto que parasita a face simétrica do neo-liberalismo que é o sonho obsessivo e apocalíptico da revolução redentora agarrado à pele dos leninistas serôdios, tem essa oportunidade e missão. Terá ambição para isso?
Da crise de 29 do século passado, os EUA foram para o New Deal, enquanto a Europa se encafuou nos extremismos mórbidos e assassinos do fascismo e do comunismo. Agora, nesta crise, a América foi buscar Obama. A Europa quer ir para onde com Durão Barroso ao leme? 
Publicado por João Tunes às 14:59
Link do post | Comentar | Ver comentários (7)
Domingo, 29 de Março de 2009

A DESGRAÇA PROVINCIANA

 

Não há justificação possível que justifique um espectáculo público (aberto ao público pagante de bilhete) ser atrasado pelo atraso de quaisquer personalidades. A não ser a da banalização do abuso de poder. Esse crime de entorse democrático foi cometido no CCB pelos abusadores atrasados e pelos servis que ordenaram que o público pagante de bilhete tivesse de esperar a chegada de Sua Excelência, a namorada de Sua Excelência e os convidados de Sua Excelência.

 

Publicado por João Tunes às 22:37
Link do post | Comentar | Ver comentários (9)
Sexta-feira, 27 de Março de 2009

SÓ TAPA QUEM TEME

 

Mas se o mérito existir mesmo qual é o problema em divulgar como é que esse mérito é remunerado? É uma ideia muito - mas muito - estranha considerar o segredo como a defesa dos valiosos. Ou esta meritocracia defendida por Granadeiro tem os pés de barro de um igualitarismo elitista em que, mais pela posição que pelo mérito de desempenho, a partir de um certo patamar, as empresas perdem o sentido das proporções quanto aos vencimentos (+ prémios + ...)?

 

Publicado por João Tunes às 22:55
Link do post | Comentar | Ver comentários (1)

OS INSOLVENTES

 

Pedir a insolvência parece ser agora o melhor que os gestores e empresários conseguem fazer para salvar as empresas no contexto da crise. Mas quando do “Compromisso Portugal” davam ideia que tinham solução e pregação para este mundo e o outro.

 

Publicado por João Tunes às 16:06
Link do post | Comentar

BÉBÉ PARLAMENTAR

 

No debate suscitado pela atitude da deputada dinamarquesa do Parlamento Europeu Hanne Dahl de levar a sua filha-bébé para os trabalhos parlamentares a questão que eu gostaria de ver abordada era o efeito daquela sessão de politização intensiva sobre a criança. Por mim, acho que não lhe dá saúde e pode inibi-la de querer voltar a entrar num Parlamento quando crescer. Sobretudo se teve de ouvir o Le Pen. Mas como é costume, discute-se maternidade, mulheres-trabalhadoras, mães-trabalhadoras (de pais não, porque o pai da bebé parece que não é deputado), esquecendo-se o mais importante, o direito ao sossego de quem foi para ali arrastada sem meio de resistência.

 

Publicado por João Tunes às 15:55
Link do post | Comentar | Ver comentários (2)

BLOGO-PUBLICIDADE GRÁTIS

 

Aqui fica, para conhecimento dos interessados.
 
(cartaz visto aqui)

 

Publicado por João Tunes às 15:16
Link do post | Comentar

A SEGUNDA MORTE DE MARX

 

E quem não tem lucros pode despedir? Esqueceram-se das culinárias e engenharias contabilísticas e financeiras que permitem fabricar e encolher lucros (um auditor interno da EDP acusou Mexia de tê-lo feito este ano para levantar os lucros até aos mil milhões para melhor “remunerar” os accionistas mas podia ter feito ao contrário para cumprir o “critério de despedimento” do Bloco de Esquerda). O Bloco, neste cartaz, mostra-se ingénuo ou benevolente para com o Capital, mas objectivamente colaboracionista, isso sem dúvida. É que fazer depender a garantia do emprego dos resultados de uma empresa é colocar estes no centro de verdade da mais-valia e com imediatas consequências sociais sobre os trabalhadores. Uma enormidade que só pode advir de uma pressa incontida em assassinar o que resta de Marx. Depois da xenofobia do spot de apelo ao 1º de Maio, este desaforo capitalista selvagem da ligação lucros-empregos, é uma péssima notícia sobre a competência da agitprop bloquista. Antes contratarem um publicista que andarem por aí a dar tiros nos pés e no velho Karl.
 
(cartaz conhecido por esta via)

 

Publicado por João Tunes às 15:05
Link do post | Comentar | Ver comentários (2)
Quinta-feira, 26 de Março de 2009

O DUETO DO TRATADO

 

A Presidência checa tem sido das piores de sempre, distinguindo-se pelo vazio de ideias e pelo minimalismo na liderança - na linha neo-liberal da Comissão Barroso.
Com presidências assim, que ninguém se queixe se, em Washington, a "posição europeia" for vista como pouco mais do que a soma das vontades de Paris, Berlim e Londres...
É por esta e por outras que precisamos urgentemente de uma Presidência da UE menos dependente das vicissitudes internas dos Estados Membros e mais permanente e profissional, tal como está prevista no Tratado de Lisboa.
(Ana Gomes)
 
A queda do governo checo deixa a União Europeia com uma presidência enfraquecida, logo agora que a crise económica e financeira torna mais necessário uma liderança forte.
Se o Tratado de Lisboa já estivesse em vigor, teria deixado de existir este "risco nacional" das presidências europeias, visto que o Tratado prevê um presidente próprio do Conselho Europeu.
(Vital Moreira)
 
Poucas vezes tenho encontrado, na opinião socialista, uma apologia tão aberta, como remédio para debilidades políticas, das putativas virtudes de uma liderança “profissional”. O que não abona, a meu ver, do conceito subjacente da “Europa democrática” … deles. Mas é coerente com a fuga ao referendo do Tratado de Lisboa (que, segundo Vital Moreira, é muito bom mas não é entendível pelo cidadão comum). Aí, o PS, violando uma promessa eleitoral, acabou por preferir uma votação “profissional” ao pronunciamento popular. Joga.
 

Esta expressão de pendor autoritário da candidatura socialista ao Parlamento Europeu confirma Vital Moreira como uma espécie de alter ego catedrático de Sócrates, nos tiques de pendor altaneiro e autoritarista que este adquiriu na gestão desastrada, em termos de liderança e escolha das tensões, da maioria absoluta. O que Sócrates tem de provinciano com fascínio pela tecnologia, Vital Moreira dá-lhe complemento com o verniz doutoral mas usando a mesma forma de navegar sobre a plebe a fazer contas à vida. E, mãe nossa, desta vez com Ana Gomes a ajudar à missa.

 

Publicado por João Tunes às 22:29
Link do post | Comentar | Ver comentários (1)

j.tunes@sapo.pt


. 4 seguidores

Pesquisar neste blog

Maio 2015

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts recentes

Nas cavernas da arqueolog...

O eterno Rossellini.

Um esforço desamparado

Pelas entranhas pútridas ...

O hino

Sartre & Beauvoir, Beauvo...

Os últimos anos de Sartre...

Muito talento em obra pós...

Feminismo e livros

Viajando pela agonia do c...

Arquivos

Maio 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Junho 2013

Março 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Junho 2012

Maio 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Setembro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

Novembro 2004

Outubro 2004

Setembro 2004

Agosto 2004

Julho 2004

Junho 2004

Maio 2004

Abril 2004

Março 2004

Fevereiro 2004

Links:

blogs SAPO