Nunca escrevi um post tão convencido que estava a estender-me ao comprido nas previsões e desejos quanto este. O que o meu amigo barbeiro topou sem necessitar de por óculos. Mas também nunca escrevi um post tão convencido sobre o que a esquerda mais precisava. Fica para a minha história das decepções.
Confesso-me abismado com a velocidade de assimilação do pensamento político de Manuela Ferreira Leite no referente ao emprego para imigrantes por parte dos operários ingleses.
Eu acho que, sem o verbalizar, a maioria já reparou que desde há vários dias não temos governo com primeiro-ministro. Por más razões mas como situação de facto. Paulo Baldaia foi dos poucos que explicou esta evidência escondida com uma clareza pragmática que escasseia. Claro que não é bom para o regime e é assustador quando se vislumbra que esta pode vir a ser a via de Manuela Ferreira Leite ganhar eleições, numa repetição degradada da anterior vitória eleitoral de Sócrates (obtida mais por demérito de Santana Lopes que por mérito próprio) pois se em 2005 o PS beneficiou de uma péssima prática governativa, agora o PSD prepara-se para tentar colher as consequências de um apodrecimento político originado pelos piores motivos e por péssimas formas, num apodrecimento que salpica a Justiça e o Jornalismo (que deviam ser pilares do regime democrático). A imaturidade política portuguesa veio à superfície e exige apresentar a factura. Mas a peça de teatro que se andava e anda a representar de uma democracia adulta e sustentada tinha de acabar um dia. O único aspecto (forçadamente) aproveitável neste princípio de ano eleitoral é que o congresso do PS está prestes a realizar-se, oportuno pois para escolher uma nova liderança e, já agora, um programa político capaz de responder aos desafios do estado da democracia em Portugal e da superação das crises, a nacional e a global. Porque seria um absurdo que, com a direita nas lonas, a esquerda não ganhasse as eleições por as circunstâncias levarem à entrega das chaves a Cavaco Silva para gáudio de manobradores, dos assadores em lume brando e de decisores políticos não eleitos (magistrados, jornalistas).
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