Sábado, 28 de Fevereiro de 2009
A história do estoniano Herman Simm (na foto) é um caso que ilustra a profundidade e resistência da rede tecida durante muitas décadas pela espionagem e contra-espionagem soviética (e que coordenava e comandava as das “democracias populares”) e que era um suporte essencial do campo do “socialismo real”. O caso Simm confirma que esse enorme polvo continua a mexer os seus tentáculos, reactivando antigas cumplicidades e recrutamentos. Que Putin, antigo oficial do KGB, saiba mexer estes velhos cordelinhos agora ao serviço dos interesses russos não espanta pois não haverá, em todo o mundo, um chefe de governo tão bem preparado na arte dos serviços secretos e tão ciente da sua importância.
Sexta-feira, 27 de Fevereiro de 2009
Pode parecer uma afirmação radical, até modista, a de Jesús Mosterín (na foto), filósofo e professor de Filosofia, inserida no seu livro “La cultura humana”:
“A Internet é a salvação perante as tentativas de controlar a cultura, por ser um espaço livre de pressões e interesses de qualquer tipo”.
Mas, a favor de Mosterín, abona, pelo menos, a evidência de que quem pior lida com a Internet, mais a detesta e se assusta com ela, são não só todas as ditaduras como os autocratas do conformismo de todo o tipo. Ou seja, os que convivem mal com a liberdade, chefes de esquadra ou nem isso. Claro que a Internet não faz de um boçal uma pessoa culta mas limita, e de que forma, o poder dos boçais.
(ler aqui artigo sobre o livro de Mosterín)
Mas seria de esperar que mesmo com o PS existiriam mínimos. Mínimos de qualidade e de credibilidade. Já não falo sequer da subjectividade das decisões, sempre e eternamente discutíveis felizmente, desde que vivamos em liberdade e sem medo. Sem medo de ninguém, muito menos de Sócrates, era só o que faltava….
Mas o PS ultrapassa tudo o que de mau é possível, em abstracto, prever.
Confessar-se burguês, ainda por cima usando um “nós” que identifica um membro satisfeito de uma classe, é arriscado no tempo que corre, o de caça aos ricos, burgueses e malteses.
A arquitectura não serve apenas para ser vista – mas para ser vivida e habitada. Nós, burgueses, traímos a arte com grande facilidade, em nome do conforto. Mas reconhecemo-la sem favor: Siza é um dos nomes do Olimpo.
Quinta-feira, 26 de Fevereiro de 2009
Foi atribuído a Siza Vieira mais um Prémio a juntar aos muitos que já o distinguiram e que o colocam entre a nata da arquitectura mundial. Por ser “mais um prémio”, este atribuído pelo Instituto Real dos Arquitectos Britânicos corre o risco de passar por uma banalidade dourada. Mas banal não é esta oportunidade de nos revermos neste português de eleição que, pelo traço, desenha talento em várias partes do mundo e confirmando que não estamos condenados a só pendurar bandeirinhas numa sempre a mesma habilidade. Assim se quisesse.
Quarta-feira, 25 de Fevereiro de 2009
Os sacrifícios de Jan Palach e Jan Zajic são, muito oportunamente, lembrados aqui por Osvaldo Castro.
É isso, estragaram o Passos Coelho com leituras adiantadas que ainda não eram para a sua idade e quando ainda brincava no “Monopólio” a comprar a Caixa com dinheiro a fingir:
Enquanto, nos tenros anos juvenis, eu acompanhava com Tintin, Litle Nemo, Spirit, Lil'Abner e Dick Tracy (e o pior é que ainda acompanho), Passos Coelho mergulhava nas profundezas de Voltaire; enquanto eu me emocionava com as viagens de Gulliver e de Nils Holgersson, ele reflectia sobre "A fenomenologia do ser", de Sartre. E não adianta Pacheco Pereira desenganar-me dizendo que Sartre nunca escreveu tal obra, porque eu também a li. "Mais tarde", como Pedro Passos Coelho fez com Kafka, mas li. A "A fenomenologia do ser" e "As mãos e os frutos" (ou seria "As mãos sujas"?); é, se não me engano, onde Sartre "problematiza" a privatização das caixas gerais de depósitos.
(Manuel António Pina, aqui)
Ao contrário do que já foi opinado por especialistas em Belas Artes convocados a deporem por esses jornais fora, não há défice cultural na PSP que tenha justificado a demanda com apreensão e devolução dos polícias de Braga. Uma vista atenta por jornais e blogues demonstra o contrário. O zelo policial bracarense denotou, antes, ímpeto divulgador nas suas consequências últimas. Tanto que, façam as contas e confirmem, já não deve restar cidadão português, maior ou menor, que, mesmo sem ter posto alguma vez os pés dentro de um museu ou folheado uma colectânea de pintura, não saiba hoje que o “L'origine du monde” é da autoria de Gustave Courbet, tendo apreciado o quadro em vários formatos e qualidade de exposição. Nunca tanto, em tão pouco tempo, se fez pela educação estética em Portugal. Graças, tome nota o Ministro encarregue dos louvores, a três guardas estetas de Braga a mando de um superintendente, ou lá como o chefe daqueles guardas se chama, com vocação pictórica frustrada por desvio para carreira policial. Depois de termos ganho santo por dotes de cura de córnea ulcerada por óleo de fritar, temos agora polícia amiga das Belas Artes e que ainda ensina que até uma vagina se pode pintar. Nós sabemos o que convém e o que queremos, somos é um bocado atabalhoados a fazer as coisas, confiando demasiado na capacidade de improvisação. Mas chegamos lá. E se a via da escola não resulta, há uma esquadra por perto para se gritar "ó da guarda!". Há quanto tempo já é assim?
De raspão, entre afazeres mais produtivos, vejo e oiço Vítor Ramalho, um notável socialista que se distingue por preocupações sociais que normalmente se esfumam no costume das quimeras, na SIC-N, a defender uma reunião urgente e imperiosa do Conselho de Estado para apreciar a crise. E fico a pensar nas altas expectativas que Vítor Ramalho deve ter sobre as receitas de Dias Loureiro para debelar finanças difíceis, economia em recessão e desemprego galopante. Aqui e em Porto Rico.
A Divisão da PSP de Braga anda a fazer estágio para alguma comissão de substituição por férias dos guardas suíços do Vaticano?
Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2009
Obviamente que há a diferença de várias dimensões mas ler-se que o Instituto Cervantes, no seu plano para 2009, prevê gastar 102,5 milhões de euros na realização de 5.500 actividades de difusão da cultura espanhola em 41 países dos cinco continentes, explica muita coisa se compararmos com o franciscanismo das ambições permitidas ao nosso Instituto Camões.
anda um gajo a tentar mostrar aos rabetas aquilo que é bom, a ver se os cura, e a bófia só desajuda, foda-se.